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Em Brasília, presidente da Aprosoja/MS cobra políticas públicas efetivas para o agronegócio

Presidente, vice-presidente e diretores da Aprosoja/MS, participaram de audiência pública
02/07/2025 - 14:15
Nessa terça-feira, 1º, o presidente da Aprosoja/MS, Jorge Michelc, o vice-presidente, Andre Dobashi, os diretores Fábio Caminha e Paulo Stefanello, produtores rurais, parlamentares e representantes de instituições ligadas ao agronegócio, participaram de audiência pública, em Brasília.
 
Organizado pela Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural (CAPADR) da Câmara dos Deputados, o encontro debateu o endividamento dos produtores rurais do Estado.
 
O deputado Rodolfo Nogueira, proponente da audiência, iniciou o encontro enfatizando a importância do agronegócio para o PIB nacional. "O agronegócio representa hoje mais de 40% das exportações do nosso país. A gente sabe o valor que ele tem no PIB brasileiro, quase um terço do PIB brasileiro o agronegócio representa. E hoje, esse mesmo agronegócio, que é a locomotiva financeira, do emprego, com 30 milhões de carteiras assinadas hoje, esse mesmo agronegócio representa tanto para esse governo federal e não tem o seu respeito, mas, principalmente, ele representa o alimento na mesa do brasileiro. Nós esperamos que o Ministério da Agricultura olhe para os agricultores. ".
 
"A questão é alarmante e é fundamental encontrarmos alternativas viáveis para a reestruturação das dívidas”, disse o deputado Afonso Hamm (PP-RS)
 
O presidente da Aprosoja/MS, Jorge Michelc, enfatizou a necessidade pela busca de soluções concretas para a resolução do endividamento do produtor rural.  "Hoje estamos aqui para debater uma nova securitização, um novo alongamento de dívidas, com a clara sensação de  que a essência do problema permanece: a ausência de políticas públicas, planejadas de fato, que forneçam segurança ao produtor. Pouco foi feito, pouco foi investido de forma estratégica para promover uma política pública sólida e duradoura para o agro. E essa dívida moral, social e financeira recai principalmente sobre o produtor. O produtor enfrenta juros elevados, dificuldades de acesso ao crédito, prazos incompatíveis com a realidade do campo e uma ausência real de seguros agrícolas que cubram seus custos e sua rentabilidade. Sua produção está vulnerável às secas, intempéries e crises, enquanto cadeia produtiva e os governos muitas vezes permanecem ausentes na hora da crise", desabafou Michelc. 
 
"Nós (produtores) estamos fazendo a nossa parte, do ponto de vista técnico, do ponto de vista orientativo. Eu acho, deputado, que vocês estão exatamente fazendo a tarefa de vocês, formulando instrumentos de lei pra amenizar a situação do produtor rural, e eu gostaria de agradecer profundamente a iniciativa, porque vocês estão trabalhando exaustivamente para achar mecanismos legais que promovam a prorrogação de dívidas, a não execução das propriedades e a possibilidade do produtor continuar plantando", ponderou Dobashi.
O diretor da Famasul e da Aprosoja/MS, Fábio Caminha, apresentou dados das últimas safras aos participantes do encontro e enfatizou a situação dramática dos produtores impactados pela estiagem em Mato Grosso do Sul. "Estamos falando de R$ 21,5 bilhões de reais que parou de circular, em um ano e meio,  devido às constantes quebras nas duas últimas safras, e isso se refletiu em todos os setores do Estado, principalmente nas cidades pequenas, que são extremamente dependentes do agronegócio. Realmente, é grave e eu parabenizo a Comissão e o deputado Rodolfo pela iniciativa"
 
A audiência durou mais de 3 horas, e os convidados tiveram a oportunidade de expor dados e explanar suas consideraçãoes sobre o tema. 
 
"Essa geração que construiu o Brasil, que arriscou suas terras, patrimônios e histórias,  hoje enfrenta dificuldades crescentes de inadimplência e restrições de crédito. Mais grave ainda, ela carrega uma dívida moral que o país nunca quis assumir de forma definitiva", completou Jorge Michelc.
 
"O que a gente tá nessa Comissão da Agricultura é mostrando pro Governo Federal que ele tem que ter respeito com o produtor rural, que hoje sustenta e traz o Brasil nas costas", finaliza Rodolfo Nogueira.
 
O vídeo completo da audiência pode ser conferido aqui. 
 
O que é a securitização
 
 A securitização é, na prática, a transformação de dívidas privadas em títulos financeiros de longo prazo, que podem ser negociados no mercado. No agronegócio, trata-se da consolidação de débitos antigos dos produtores com bancos ou instituições financeiras em um único contrato, com prazos mais extensos para pagamento e, em alguns casos, descontos ou condições especiais.

A primeira grande securitização rural ocorreu no Brasil  na década 1990, após o Plano Real, como forma de aliviar o endividamento acumulado por produtores em um período de forte instabilidade econômica. 
 
Como funciona?

Se o produtor possui dívidas em diferentes instituições, com prazos curtos e juros altos, com a securitização, essas dívidas podem ser unificadas em um único contrato, com prazos que variam de 10 a 20 anos. Em vez de continuar inadimplente, o produtor tem a chance de regularizar sua situação, com parcelas menores e mais previsibilidade.
 
 
Texto: Crislaine Oliveira (Assesoria de Comunicação da Aprosoja/MS)