Taxações dos EUA: impacto das tarifas americanas pode beneficiar o agronegócio brasileiro

A adoção de tarifas comerciais pelos Estados Unidos, tem provocado um efeito que pode beneficiar o Brasil: o redirecionamento da demanda global por produtos agrícolas e matérias-primas. À medida que países, impactados pelas taxações americanas, buscam fornecedores alternativos, o Brasil pode ocupar um espaço ainda mais relevante no comércio internacional.
O momento pode se tornar favorável para Mato Grosso do Sul. O Estado, que colheu mais de 12 milhões de toneladas de soja na safra 2023/2024, e tem expectativa de colher mais de 13 milhões de toneladas na safra 2024/2025, tem condições de escoamento, qualidade de produção e regularidade de fornecimento para atender à crescente demanda chinesa.
Mas de acordo com o analista econômico da Aprosoja/MS, Mateus Fernandes, nem tudo são ganhos neste processo. “O Brasil também se torna mais dependente de países como a China, que hoje representa mais de 70% das exportações de soja brasileira. Essa concentração de mercado pode ser um ponto de vulnerabilidade estratégica a longo prazo. Por isso, faz se necessária uma diversificação nas exportações”.
Além do mercado asiático, países europeus que necessitam de milho e farelo de soja para uso na pecuária e indústria de biodiesel, por exemplo, também estão intensificando o interesse por origens alternativas e confiáveis, e o Brasil, com sua produção em larga escala, câmbio competitivo e bom histórico de entregas, aparece como um dos principais candidatos.
“Um fator que o Brasil precisa observar é a exigência por sustentabilidade nas cadeias globais. Países europeus, apesar de mais abertos ao produto brasileiro, exigem garantias ambientais, o que pode dificultar a entrada de parte da produção que não segue critérios de rastreabilidade”.
Além da soja, milho, carne bovina e frango, outros setores como o da mineração e o do aço também se beneficiarão em parte dos efeitos indiretos das tarifas.
Texto: Crislaine Oliveira (Assessoria de Comunicação da Aprosoja/MS) e Mateus Fernandes (Analista de Economia da Aprosoja/MS)
Foto: arquivo da Aprosoja/MS.