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Soja: Preços sobem nos portos do Brasil com leve retomada do dólar e superam R$ 70 para safra nova

Nesta quarta-feira (10), o mercado internacional da soja parece ter dado pouca importância aos números que foram divulgados pelo USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) em seu novo boletim mensal de oferta e demanda e fechou o dia com baixas de pouco mais de 2 pontos entre os principais vencimentos.

No Brasil, os preços tanto da soja disponível quanto do produto da safra nova conseguiram, depois dessa pouca movimentação em Chicago, recuperar parte de algumas pequenas baixas registradas no meio do dia apoiados pela reversão e fechamento positivo do dólar.

A moeda norte-americana voltou a subir no final do dia, fechou a sessão com alta de 0,44% a R$ 3,1147, depois de, ao longo do dia, cair de forma mais expressiva e se distanciar do patamar dos R$ 3,10. "O recuo dos últimos dias foi muito intenso e abriu uma oportunidade para compras de dólares", resumiu o operador de câmbio da corretora Intercam Glauber Romano à agência de notícias Reuters.

Assim, em Paranaguá, o valor para a soja disponível encerrou a quarta-feira com R$ 68,50 e alta de 0,74%, enquanto para a futura subiu 0,69% para R$ 72,50. Em Rio Grande, as cotações mantiveram sua estabilidade em R$ 68,00 e R$ 73,00, respectivamente.

Para Camilo Motter, analista de mercado e economista da Granoeste Corretora de Cereais, preços como estes para a soja da safra nova criam oportunidades interessantes e importantes para que o produtor participe do mercado com algumas vendas parceladas e garantindo parte de sua renda.

"Há um diferencial dos prêmios e, principalmente do câmbio, que trabalha em um mercado de forma linear ou mantendo a desvalorização da moeda conforme inflação ou taxa de juros. Portanto, se temos um câmbio em R$ 3,10 hoje, para abril ou maio do ano que vem ele estará entre R$ 3,45 e R$ 3,48, então, aí está a grande diferença entre safra nova e safra velha em reais", explica.

Com isso, o analista acredita ainda que os preços da soja no Brasil devem passar por períodos de intensa volatilidade em função dessa variação acentuada do câmbio, a qual deve ser intensificada pelas incertezas políticas e econômicas ainda latentes no Brasil.

"Ainda estamos longe da nossa safra nova, até a colheita, mas existem momentos bons para participar e acredito que, com o câmbio nos atuais patamares, os preços internacionais dando uma puxada, com bons prêmios nos portos brasileiros, é momento de se aproveitar sim, mas de forma comedida", completa Motter.

Bolsa de Chicago

Em Chicago, os novos números do USDA deixaram o mercado morno ao trazer poucas novidades, principalmente para a safra nova dos Estados Unidos.

Entre os destaques, ficou o corte do departamento em suas estimativas para os estoques finais norte-americanos tanto da safra 2014/15 quanto 2015/16. Os estoques safra velha passaram de 9,53 milhões a 8,98 milhões de toneladas, volume que ficou abaixo das expectativas do mercado, que apostava em 9,3 milhões de toneladas. A estimativa dos estoques finais da safra 2015/16 dos Estados Unidos passou de 13,61 milhões para 12,93 milhões de toneladas.

Paralelamente, o USDA trouxe ainda um aumento de 1 milhão de toneladas na safra velha da Argentina e na produção global da temporada 2014/15, porém, reduziu os estoques. O mesmo aconteceu para o ciclo 2015/16. Para o Brasil, manutenção em 94,5 milhões para a safra atual e em 97 milhões de toneladas para a nova safra.

"As poucas mudanças que o USDA trouxe nesse boletim já eram amplamente esperadas pelo mercado", explicou o analista de mercado da Agrinvest, Gustavo Schnekenberg.

Porém, no mercado internacional, os traders ainda acompanham com atenção o comportamento do clima no Corn Belt, uma vez que as atuais condições já criam um alerta.

"Há preocupações de que não seja possível concluir o plantio da área de soja ainda não semeada por conta do excesso de chuvas e há ainda rumores da necessidade de replantio em alguns pontos. Nas últimas previsões climáticas há indicações de mais chuvas para Iowa e Nebraska ainda nessa semana", relata Bob Burdgdorfer, analista do site internacional Famr Futures.

De acordo com os novos mapas meteorológicos divulgados nesta quarta, as tempestades que se deslocam para o oeste do cinturão produtor hoje são um indicativo de duas frentes que podem trazer fortes chuvas para a maior parte da região produtora do Meio-Oeste. As previsões oficiais para os períodos de 6 a 10 dias e 8 a 14 dias ainda sinalizam um tempo bastante úmido, e com temperaturas um pouco mais frias em no noroeste.

Números do USDA

USDA Junho - Soja

 

Fonte: Notícias Agrícolas