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Soja inicia a semana recuando com previsão de clima melhor nos EUA e dólar mais alto

O mercado internacional da soja iniciou a semana operando com expressiva queda nesta segunda-feira (20). Por volta das 7h50 (horário de Brasília), os principais vencimentos da oleaginosa perdiam mais de 10 pontos e também o patamar dos US$ 10,00 por bushel, batendo assim, ao longo dos negócios, nos menores níveis desde 9 de julho, de acordo com o que informou a agência internacional de notícias Reuters.

Segundo explicam analistas internacionais, as baixas são reflexo das perspectivas de melhores condições de clima para o desenvolvimento da safra 2015/16, o que já reflete em baixas também par o trigo e para o milho na CBOT.

"Os meteorologistas esperam um clima melhor para a maior parte do Corn Belt nesta semana depois de um final de semana de chuvas generalizadas", disse Tobin Gorey, diretor de estratégia agrícola do banco internacional Commonwealth Bank.

Nos últimos dias, apesar de ainda terem sido muito chuvosos em determinadas regiões dos EUA, as precipitações já apontaram uma trégua, como mostra o mapa a seguir, do site internacional AgWeb. Os acumulados em estados-chave na produção de grãos ficaram em 25,4 mm, contra volumes que passavam de 50 nos últimos períodos.

Chuvas nos últimos 7 dias nos EUA - Fonte: AgWeb

Nesta segunda-feira, o USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) divulga, depois do fechamento do mercado, seu novo boletim semanal de acompanhamento de safras trazendos os índices de desenvolvimento das lavouras e suas condições. Os números são aguardados pelos traders e também podem influenciar o mercado. Em seu últim reporte, a instituição apontou em 62% as plantações de soja em boas ou excelentes condições.

Além disso, o dólar mais valorizado, ainda de acordo com os analistas, também pesa sobre as cotações neste pregão.

A moeda norte-americana bateu em uma máxima de três meses frente a uma cesta de principais moedas nesta segunda diante de informações sobre a economia americana, principalmente a possibilidade maior de uma alta nas taxas de juros nos próximos meses. A força do dólar tem uma base de pressão sobre os preços das commodities, uma vez que a divisa mais alta acaba reduzindo a competitividade dos produtos nas bolsas americanas.

Veja como fechou o mercado na última semana:

Soja no Brasil fecha semana com altos preços nos portos e quase 30% da nova safra vendida

Os negócios desta semana foram marcados por uma forte volatilidade na Bolsa de Chicago. Já no Brasil, com os preços caminhando de lado no mercado futuro norte-americano, e o dólar registrando ganhos significativos somente no final da semana, os valores encerraram fecharam com estabilidade, mas ainda mantendo patamares interessantes.

Em um dos melhores momentos da temporada, nesta sexta-feira (17), a soja da safra nova bateu em R$ 77,50 por saca, chegando, ao longo dos dias, em R$ 78,00 para alguns negócios. Porém, o preço fechou a semana em R$ 76,50, com ganho acumulado de 0,66% em relação à última segunda-feira (13). Já no porto de Paranaguá, a oleaginosa ficou estável em R$ 75,00. Para a soja disponível, foi registrado um avanço de 0,68% para R$ 73,50/saca no terminal paranaense; enquanto no gaúcho, uma baixa de de 0,40% para R$ 74,70.

Apesar de ligeiramente atrasada em relação a anos anterioes, a comercialização da safra 2015/16 evolui bem nas últimas três semanas e parte deste atraso foi recuperado, segundo relatou o consultor de mercado Vlamir Brandalizze, da Brandalizze Consulting. Assim, até esta sexta-feira, foram vendidas perto de 20 milhões de toneladas.

"Temos pouco menos de 30% da nova safra brasileira já vendida, em anos anteriores, esse índice já estava em 35%. Mas nos últimos dias, as vendas se recuperaram bem com a puxada dos preços", diz. "A comercialização externa está muito forte, fluindo bem", completa.

No cenário da safra 2014/15, os negócios ainda são pontuais, porém, também fortes. Segundo Brandalizze, os produtores que possuem soja da safra velha estão bem capitalizados e "não vão vender com facilidade" essa oferta. Além disso, o consultor destaca ainda os bons negócios no interior do país, onde a demanda também é grande por parte das indústrias de farelo e óleo, bem como as de biodiesel.

No interior do país, também estabilidade entre as principais praças de comercialização, segundo um levantamento feito pelo Notícias Agrícolas junto às cooperativas e aos sindicatos rurais. O destaque fica para Londrina/PR, com alta acumulada de 0,80% para R$ 63,00 por saca, e Jataí/GO, onde o ganho foi de 0,03% para R$ 57,62.

"O setor de rações - com o aumento do consumo das proteínas animais - está a todo o vapor e o de biodiesel vai precisar de muito óleo de soja", explica o consultor.

Dólar - A alta do dólar nesta sexta-feira influenciou de forma bastante positiva os preços no Brasil. A moeda americana fechou o dia com alta de 1,13% frente ao real em R$ 3,1939, após bater em R$ 3,2040 na sessão. Na semana, a divisa conseguiu acumular uma alta de 1,03%.

Segundo especialistas, o avanço do dólar foi, principalmente, uma reação às turbulências políticas que têm sido registradas no Brasil e explodiram nesta sexta com o rompimento do presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, com o governo de Dilma Rousseff após ter sido acusado de receber R$ 5 milhões em propina.

O mercado também avalia o resultado da chamada "prévia do PIB", divulgada mais cedo pelo Banco Central, que indica que a economia brasileira ficou estagnada em maio, como informou o  G1.

Mercado Internacional

Na Bolsa de Chicago, o resultado semanal foi negativo. Os futuros da soja entre as posições mais negociadas fecharam com baixas acumuladas superando os 2%, porém, ainda acima dos US$ 10,00 por bushel. O contrato agosto/15 fechou em US$ 10,04; o novembro/15 em US$ 10,06 e o março/16 em US$ 10,07 por bushel. Na sessão desta sexta-feira (17), o mercado fechou em campo negativo, com pequenas baixas de 4,25 a 6,75 pontos.

A volatilidade foi o principal componente para o andamento dos negócios na CBOT nesta última semana, motivada pelo atual momento do clima nos Estados Unidos e as previsões climáticas dos mais diferentes modelos focando quadros distintos.

No Meio-Oeste americano, as chuvas continuam intensas e ao menos durante a próxima semana os dias ainda serão muito úmidos. No entanto, já começa a ganhar a atenção dos meteorologistas e traders a chegada de uma onda de forte calor no país. E para completar, há ainda a influência do El Niño mais forte dos últimos 50 anos causando adversidades climáticas em diversas regiões produtoras ao redor de todo o mundo.

"Pelos próximos dias, os traders devem continuar comentando essa onda de calor, porém, enquanto isso algumas novas frentes se formam, como mostram os mapas meteorológicos divulgados hoje pelo NOAA para os próximos sete dias, o que ainda deve manter o Meio-Oeste americano muito úmido na próxima semana", explicou o analista de mercado Bryce Knorr, do site internacional Farm Futures.

Ainda nesta semana, as informações que vieram do mercado financeiro também mostraram mais tranquilidade e tiveram menos peso sobre os negócios na Bolsa de Chicago. O acordo na Grécia e uma nova ajuda da União Europeia, as preocupações com a China foram amenizadas e, nesta sexta, bons números sobre a economia dos EUA favoreceram também.

"Até que se tenha uma notícia mais acertiva, o mercado vai ficar nesse compasso, de US$ 10 para baixo, de US$ 10 para cima", acredita Fernando Pimentel, consultor de mercado da Agrosecurity. Pimentel afirma ainda que, entre os especuladores, nessas baixas pontuais que levam os preços a se aproximarem de seus suportes e do patamar dos US$ 10,00 por bushel, os fundos podem voltar à ponta compradora do mercado e levar as cotações à novas altas. "Acredito que o mercado esteja limitado para grandes quedas. Esse é um movimento de mercado especulativo, de gráficos, e fica nesse sobe e desce", diz.

Para Bob Burgdorfer, também do internacional Farm Futures, "os traders vão agora se focar no clima durante o final de semana, o qual poderia trazer mais chuvas para o Meio-Oeste, antes de um padrão mais quente e seco chegar e se instalar".

Fonte: Notícias Agrícolas