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Soja devolve parte dos ganhos, mas ainda fecha em alta na CBOT nesta 4ª feira

Nesta quarta-feira (15), o mercado da soja operou durante todo o tempo em campo positivo, chegou a a registrar altas de dois dígitos que superaram os 15 pontos no primeiro vencimento, porém, perdeu força no final da sessão e fechou o dia com pequenos ganhos de 3,25 a 4,75 pontos entre os principais vencimentos. Com os rallies registrados neste pregão e no anterior, as altas no acumulado da semana para os vencimentos maio e agosto são de quase 2%. Nas máximas desta quarta, ambas as posições bateram em US$ 9,76, para terminarem com US$ 9,65 e US$ 9,66, respectivamente.

O dia foi bastante agitado para o mercado diante de novas informações que foram chegando ao longo do dia. Entretanto, como já havia sinalizado o consultor Vlamir Brandalizze, da Brandalizze Consulting, os preços poderiam passar por uma realização de lucros ao se aproximarem de US$ 9,80. "O mercado, pelo menos nesse momento, não vê os preços trabalhando abaixo dos US$ 9,50, mas se aproximando dos US$ 10,00. Porém, ainda devemos ter uma resistência ali perto de US$ 9,80", explica o consultor.

Apesar disso, o mercado da soja tem observado, ainda de acordo com Brandalizze, um forte movimento de compra no quadro mundial e, de outro lado, as vendas retraídas nas principais origens, como Brasil, Argentina e Estados Unidos. Os produtores ainda se mostram bastante reticentes em entregarem a soja nos valores que vem sendo praticados e isso já reflete, por exemplo, em prêmios positivos e subindo nos principais canais de escoamento dos países fornecedores.

Os prêmios para o produto americano no Golfo do México, principal canal de escoamento da safra americana, se mostram agora entre 65 e 75 centavos de dólar acima dos valores praticados em Chicago, porém, segundo o consultor, a meta de prêmio do produtor americano é de 90 cents para voltar a vender. "Na Argentina, os produtores estão evitando vender e isso já traz um reflexo positivo para os prêmios aqui no Brasil", relata Vlamir Brandalizze.

Porém, o comportamento do câmbio também permanece no radar dos investidores. Como explica o consultor, o dólar abaixo de R$ 3,10 no Brasil também estimula a demanda por produtos americanos em detrimento da oferta brasileira, por exemplo, já que os preços praticados aqui no Brasil se tornam menos atrativos. Nesta quarta, a moeda norte-americana perdeu o patamar dos R$ 3,05 e fechou em terreno negativo.

Na Argentina, a situação é semelhante, no entanto, o que limita a comercialização da soja, entre outros fatores, é a insegurança dos produtores sobre a economia local e, principalmente, o futuro da política, já que 2015 é ano de eleições presidencias.

Esmagamento de Soja nos EUA - O mercado recebeu ainda, nesta quarta-feira,  o números do esmagamento de soja nos EUA em março e os dados ficaram acima das expectativas dos traders.

Enquanto os traders apostavam em algo próximo de 4,23 milhões de toneladas, o total foi de 4,431 milhões de toneladas de soja processadas no mês passado. O número é maior do que o de fevereiro - de 4 milhões de toneladas - e supera também o registrado no mesmo mês de 2014, de 4,187 milhões. No acumulado da temporada 2014/15, o total de soja já processado pelos EUA é de 28,763 milhões de toneladas, contra 28,398 milhões no mesmo intervalo da temporada anterior.

Apesar de os números indicarem um maior consumo da soja em grão no país, os preços do farelo de soja nos EUA estão pressionados, tanto em Chicago quanto no mercado frente a um excesso de oferta, como explica o analista de mercado Eduardo Vanin.
"Os números do NOPA deveriam ter sido uma notícia positiva para a soja, porém, o escoamento do farelo está comprometido  e, nesse momento, os preços na Argentina e no Brasil ainda estão mais baratos", diz o analista. "E isso ajudou o mercado a perder força nesta quarta. As cotações da soja fecharam em alta, porém, longe das máximas", completa.

Vanin afirma ainda que no quadro da demanda pelo subproduto também não há mudanças fortes o bastante para provocar uma alteração no cenário. "Para exportação, a demanda agora é menor, seguindo a sazonalidade. E internamente, o consumo nos EUA segue o padrão histórico". Além disso, há ainda a situação do agravamento da gripe aviária se espalhando por alguns estados produtores, provocando a necessidade de abates sanitários e isso poderia reduzir ainda mais o consumo nos EUA.

Paralelamente, o mercado internacional de grãos ainda observa o início da nova safra norte-americana e o comportamento climático no país para definir uma nova e atualizada configuração para os preços. Por hora, ainda de acordo com os analistas, as previsões não indicam condições climáticas que pudessem trazer alguma preocupação excessiva para o plantio nesse momento.

Entretanto, muitos falam sobre a maior e crescente probabilidade da ocorrência de um El Niño no hemisfério Norte, o que poderia trazer mais chuvas para os EUA caso se confirme. Porém, como explicou o agrometeorologista da Somar, Marco Antônio dos Santos, trata-se, por enquanto, de um "falso El Niño" que, ao mesmo tem em que pode trazer condições favoráveis à produção, não garante ainda o potencial produtivo das lavouras e recorde de safra por lá.

Para Vanin, os preços em Chicago podem registrar melhores patamares entre meados de maio e início de junho, com o mercado atento à essa especulação climática nos Estados Unidos, criando, possivelmente, novas boas oportunidades de comercialização para o produtor brasileiro.

No Brasil

No Brasil, as cotações registraram um dia de estabilidade, com alguma tentativa de avanço ao longo do dia, mesmo diante da volatilidade do dólar e do fechamento negativo da moeda. Os prêmios nos portos brasileiros seguem positivos e subindo e as altas em Chicago favoreceram as cotações, segundo explicaram analistas.

Assim, em Rio Grande, por exemplo, a soja para maio/15 fechou com R$ 69,00 por saca e o produto disponível em R$ 68,00, estáveis. Em Paranaguá, queda de 0,30%. Em Santos, o valor da oleaginosa subiu 0,44% para R$ 69,00 por saca.

Fonte: Notícias Agrícolas