Soja descola de Chicago e incentiva o plantio no Brasil
No Dia do Agricultor (28), o início do circuito de seminários que a Federação da Agricultura do Paraná (Faep) promove a partir desta semana no Paraná mostrou que o produtor precisa adotar uma visão sistêmica do mercado, observando não apenas o que acontece no agronegócio, mas em toda a economia. Hoje, mais do que o tamanho da colheita ou dimensão do consumo, o que tem feito a diferença na renda do setor no Brasil é o câmbio, defendeu Flávio França Junior, analista que comanda o ciclo de palestras.
Num momento em que o mercado internacional de grãos aponta para baixo, o dólar surge como um fator altista no mercado interno, pontuou o analista durante apresentação a cerca de 50 pessoas em Ponta Grossa, nesta terça pela manhã.
“Se na Bolsa de Chicago tanto os fundamentos de oferta e demanda quanto os indicadores financeiros atuam negativamente sobre os preços dos grãos, no Brasil a dificuldade do governo em atrair capital especulativo [entrada de dólares no país] tem ajudado a sustentar as cotações domésticas da soja, do milho e do trigo em patamares elevados, detalhou o especialista.
Prova disso, citou o analista, é que os prêmios de exportação mantiveram-se positivos nos portos brasileiros mesmo durante o pico de safra e continuam sustentando indicações positivas para 2016 – conjuntura que deve levar o Brasil a ampliar, pelo nono ano consecutivo, a área destinada à soja no ciclo 2015/16.
Estimativas da França Jr Consultoria apontam para um aumento de 1 milhão de hectares, para 32,92 milhões de hectares. “Num passado um pouco mais distante, preços baixos freavam o plantio, mas não é isso que está acontecendo”, explicou.
A América do Sul bate recorde de produção de grãos há três anos consecutivos e os Estados Unidos, depois de quatro anos de safras problemáticas (2010 a 2013) tiveram uma temporada perfeita em 2014. “Neste ano estão tendo problemas com o clima, mas até que ponto isso irá impactar na produção… é preciso esperar o relatório do USDA do dia 12 de agosto para saber. Neste momento, a leitura que o comprador tem é de absoluta tranquilidade no abastecimento”, relatou França.
É possível a soja romper os US$ 11 ou voltar aos US$ 13 por bushel em Chicago? França acredita que sim. “Mas, para isso, é preciso um fato novo que mude o cenário fundamental de sobreoferta”, pondera.
Fonte: Gazeta do Povo - Paraná / Foto: Abiove
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