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Soja: Cordonnier mantém projeção para safra do Brasil e clima segue em foco

Em seu mais novo levantamento, Michael Cordonnier, um dos consultores agrícolas mais respeitados do mundo, manteve as suas estimativas para safra 2015/16 de soja do Brasil em 100 milhões de toneladas e no milho em 81,2 milhões de toneladas. Ainda assim, o especialista ressaltou que há uma preocupação com as chuvas irregulares na faixa central do país, o que poderia ocasionar uma revisão nas previsões.

"Eu tenho acompanhado as informações sobre a possibilidade de redução na estimativa da safra de soja brasileira devido ao clima, especialmente na região central do país. Mas, como todos nós sabemos, é preciso esperar para ver como o tempo irá se desenvolver durante o período de enchimento de grãos antes de fazer um julgamento final sobre a cultura", disse Cordonnier.

Até o momento, o consultor acredita que pouco mais de 80% da safra já tenha sido plantada. O número está em linha com as projeções das consultorias privadas do país, de 80%. De acordo com dados da França Jr. Consultoria, o Piauí é o estado com menor área semeada, com cerca de 10%. A média dos últimos cinco anos é de 52%. Em segundo lugar está o estado da Bahia, com 32% da área cultivada com o grão, contra a média dos últimos cinco anos de 58%.

Para o Mato Grosso, maior produtor de soja do país, em torno de 95% da área já foi plantada com a soja até o momento. Entretanto, os produtores ressaltam a necessidade de replantio em muitas áreas, em função do clima que permanece irregular. Além disso, o tempo seco e as altas temperaturas têm deixado às lavouras suscetíveis às queimadas, cenário que também eleva as preocupações dos agricultores.

"Muitos produtores precisam replantar algumas lavouras devido à má emergência das plantas. Com isso, o sentimento é que o potencial máximo de rendimento da soja no estado já tenha sido comprometido. Porém, ainda os produtores poderiam obter uma boa colheita, se o tempo melhorar daqui para frente", ressalta o consultor.

Paralelamente, no Sul do Brasil, a preocupação é com o excesso de chuvas nas lavouras de soja. Em muitas regiões, as precipitações excessivas e o tempo nublado têm comprometido o desenvolvimento das plantas. Sem contar que, o clima úmido é favorável o aparecimento das doenças, principalmente a ferrugem asiática. Segundo dados do Consórcio Antiferrugem, de junho a novembro, foram detectados 20 focos da doença em todo o país.

Comercialização da soja

Ainda hoje, a Safras & Mercado reportou que cerca de 46% da produção 2015/16  já foi negociada antecipadamente até o último dia 1 de dezembro. O percentual está bem acima do registrado no mesmo período do ano anterior, de 24% e da média dos últimos anos, de 35%.

O volume comprometido chega a 46,012 milhões de toneladas, de uma safra projetada em 100,538 milhões de toneladas. O estado de Goiás é o mais adiantado com a negociação, com cerca de 56% da produção estimada já travada. Em segundo lugar está a Bahia, com 55% da safra comercializada e, em terceiro lugar o Mato Grosso, com 52% negociado.

Milho

No caso do cereal, Cordonnier destaca a preocupação com o encurtamento da janela ideal de plantio devido ao atraso registrado na soja. "Portanto, a área de plantio de milho safrinha ainda será determinada. Mas muitos produtores de Mato Grosso já sinalizaram que poderão reduzir a área semeada com o grão devido ao cenário. Em contrapartida, os agricultores do norte do Paraná poderão cultivar o grão mais cedo, em torno de duas semanas, já que a soja foi semeada com antecedência na região", diz.

Argentina

Do mesmo modo, as projeções para a safra da Argentina foram mantidas em 58 milhões de toneladas de soja e 21,6 milhões de toneladas. E com a eleição do novo presidente do país, Maurício Macri, a perspectiva é que haja um incremento na área cultivada esse ano. "Acredito que o cenário seria mais otimista para o milho e a longo prazo, os agricultores argentinos irão semear mais o cereal, sem dúvida", pondera o consultor.

Fonte: Notícias Agrícolas