Receita bruta agrícola do país deve subir em 8% 2014 por câmbio
A receita bruta do setor agrícola brasileiro deve crescer 8 por cento este ano, para 296,5 bilhões de reais, com aumento de produção e um câmbio favorável aos preços em reais da soja, estimou nesta quinta-feira o diretor de diretor de pesquisa econômica da GO Associados.
"Primeiro, temos um aumento de volume, e os preços em reais --apesar da queda do preço em dólar-- devem ter um crescimento médio de 7 por cento... É o dólar que está fazendo a diferença", disse Fábio Silveira.
A consultoria trabalha com um dólar médio para 2014 de cerca de 2,40 reais, contra uma média de 2,15 reais em 2013.
A produção de soja, que responde por quase metade da safra nacional de grãos, foi estimada em 90,33 milhões de toneladas em 2013/14, alta de mais de 10 por cento sobre o ciclo anterior, segundo estimativa da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
Como cerca de 50 por cento da produção brasileira de soja é exportada, o incremento do dólar impulsionará a receita do setor, uma vez que a consultoria não prevê nenhuma retração ou queda drástica nos preços internacionais.
A cana é outra cultura que deve contribuir para o ganho em receita bruta neste ano, por conta da expectativa de produção recorde no centro-sul do Brasil, que responde por 90 por cento da safra.
A Conab divulgará sua primeira estimativa para a produção em 2014/15 do centro-sul em abril, quando começa oficialmente a safra na região. Mas consultorias privadas apontam moagem recorde acima de 600 milhões de toneladas, contra 594 milhões de toneladas do ciclo anterior.
Apesar de um aumento esperado na moagem, a perspectiva de preços para o açúcar, é de aumento moderado de 2 por cento, uma vez que a commodity segue pressionada no mercado externo, com preços nas mínimas de mais de três anos. O Brasil é o principal exportador da commodity.
A GO apontou ainda melhoras na receita prevista para o arroz e o feijão, duas culturas importantes sobretudo no consumo interno.
Fertilizantes
Para fertilizantes, a GO estima que o Brasil terminou 2013 com um consumo recorde de 30,5 milhões a 31 milhões de toneladas, o que representaria um crescimento de até 6,4 por cento, em meio ao aumento de área e o ímpeto de produtores mais capitalizados para investir em tecnologia no ano passado.
A associação que reúne a indústria de adubo (Anda) ainda não divulgou o levantamento com o número fechado para 2013. No acumulado do ano, a venda foi recorde, somando 29,13 milhões de toneladas, com alta de 5 por cento ante igual período de 2012.
Para este ano, Silveira apontou um crescimento mais moderado, da ordem de 2 a 3 por cento, mas ponderou que este desempenho dependerá em grande parte do comportamento dos preços da soja no mercado internacional neste ano.
O primeiro vencimento da soja negociado na bolsa de Chicago (CBOT) fechou em baixa nesta quinta-feira, mas a expectativa de grandes safras no Brasil, Argentina e nos Estados Unidos vem mantendo o mercado pressionado.
Reuters
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