Produtores investiram mais em fertilizantes e defensivos para a safra de soja 2017/2018
Os produtores brasileiros já plantaram 92% da área estimada para a soja na safra 2017/2018, de acordo com levantamento da consultoria AgRural. O número supera os 90% do ano passado e os 87% da média de cinco anos. As vendas de insumos são um bom termômetro para avaliar o desempenho da safra porque, quando a perspectiva é boa, o produtor abre a carteira e investe em tecnologia. De acordo com revendedores de insumos, a safra de soja 2017/2018 está caminhando bem.
Segundo Marcos Antonio Camargo, diretor executivo do grupo de revendas Agromave, embora os agricultores já tenham feito a compra antecipada dos insumos para a primeira safra 2017/2018, ele observa uma movimentação maior nos negócios nesta temporada. “Para a safra de soja, já vendemos 100% dos insumos, mas estamos tendo um incremento de investimentos”, diz Camargo.
Soja bem cuidada na safra 2017/2018
A Agromave possui 8 lojas para revendas de insumos (sementes, defensivos e fertilizantes) localizadas na região Médio-Norte do Mato Grosso, o maior estado produtor de soja. “O produtor investiu mais em correção de solo nesta safra e está cuidando muito bem do aspecto nutricional da lavoura de soja”, diz Camargo.
Com o aquecimento das vendas, Camargo estima um crescimento de 20% no faturamento total da Agromave com a venda de insumos em 2017. “O produtor continua investindo em defensivos tradicionais, mas agora está investindo mais em fungicidas multissítios, chamados de fungicidas protetores. Esse tipo de produto promove a rotação de moléculas”, conta.
Proteção da lavoura
Segundo Camargo, na região Médio-Norte de Mato Grosso mais de 4 milhões de hectares são cultivados com soja. Ele conta que, como a safra de soja 2017/2018 está se desenvolvendo bem na região, há atualmente uma forte demanda por produtos para proteger a lavoura. “O produtor está investindo mais e respeitando a questão do custo-benefício. Ele está fazendo um mix em produtos patenteados e genéricos.”
Ele também disse que o atraso de 10 dias no plantio já foi minimizado na região. “O impacto do atraso de semeadura foi minimizado por variedades de soja precoce”, diz Camargo. “Na nossa região o plantio já foi finalizado em novembro, as chuvas normalizaram e as lavouras estão se desenvolvendo bem.”
No estado do Mato Grosso do Sul, a safra de soja também está se desenvolvendo bem, segundo Jonis Assmann, sócio-proprietário da empresa de revenda de insumos Pantanal Agrícola. “Aqui a safra está se desenvolvendo dentro da normalidade, mas o produtor está reclamando que a rentabilidade está pequena”, diz.
Compras adicionais
A Pantanal Agrícola possui 8 lojas de insumos em Mato Grosso, Goiás e Mato Grosso do Sul. “Para a soja, o produtor fez um bom investimento buscando a máxima produtividade e ainda estão fazendo compras pontuais de fertilizante foliar, inseticida e fungicida”, diz. “Mas se continuar chovendo muito aqui na região, podemos ter maior incidência de ferrugem asiática e o produtor vai gastar mais com fungicida.”
Além de revender insumos, Jonis Assmann é produtor de grãos e está cultivando 15 mil hectares com soja nesta temporada. Segundo ele, o custo de produção de soja em Mato Grosso do Sul se aproxima de R$ 3 mil por hectare e os produtores estão preocupados com as finanças. “Precisamos ter produtividade acima de 60 sacas por hectare para ter uma rentabilidade satisfatória.”
Milho prejudicado
Nesse momento, o que mais movimenta as lojas de insumos é a segunda safra 2017/2018 e as notícias não são boas. “O produtor agora está comprando insumos para a segunda safra. Ele está comprando menos insumos para o milho, calculamos uma redução de cerca de 10%”, diz Marcos Camargo.
A incerteza ocorre também porque, com o atraso do cultivo da primeira safra de soja, a segunda safra de milho pode sofrer atraso. “Temos preços baixos para o milho e o risco climático é muito alto. Precisamos avaliar a evolução do mercado de milho. No máximo, o ideal é plantar milho até o dia 28 de fevereiro para ter uma boa janela de cultivo”, afirma Jonis Assmann.
Menos tecnologia
Segundo Assmann, com os preços baixos oferecidos para o milho brasileiro, o produtor não está disposto a investir. “As vendas estão menos aquecidas. Os produtores estão reclamando bastante do preço da semente de milho e estão buscando sementes mais baratas. Os produtores vão investir em material com menos tecnologia”, diz Assmann.
Camargo já prevê os impactos do menor investimento na produção da safra 2017/2018. “Tenho clientes que vão reduzir a área plantada em 10%, aplicar menos fertilizante e investir em semente com menos tecnologia. Estimamos quebra de produção de milho em 20% aqui na região por causa da redução de área e redução de produtividade.”
Fonte: SFAGRO
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