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Primeiro efeito do El Niño na economia brasileira: PIB recua 2,4 %

Diante da acentuada deterioração da economia brasileira no terceiro trimestre de 2015, nem a agropecuária conseguiu escapar das baixas. Os números divulgados nesta terça-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que, na comparação com o trimestre anterior, houve um recuo de 2,4% no Produto Interno Bruto (PIB) do setor — embora no acumulado do ano, siga como o único a ter um desempenho positivo.

Para Antônio da Luz, economista-chefe do sistema Federação da Agricultura do Estado (Farsul), os números do terceiro trimestre mostram o primeiro impacto na economia dos efeitos trazidos pelo fenômeno climático El Niño. Por enquanto, revelam a situação registrada na Região Centro-Oeste e Sudeste, onde a seca diminuiu o ritmo de abates de gado.

Há ainda o peso das perdas estimadas nas lavouras de cana-de-açúcar, café e laranja, produtos com produção concentrada no Sudeste. As colheitas devem encolher 4,2%, 6,4% e 3,3%, respectivamente.

— A cana está com expectativa de queda no ano, e 50% desse resultado da safra está sendo computado nesse terceiro trimestre — justificou Claudia Dionísio, gerente das Contas Nacionais Trimestrais do IBGE.

Nos números do PIB do Rio Grande do Sul, mais cadenciado pela sazonalidade da safra do que o país, os danos causados pelo excesso de chuva e por temporais virão mais adiante.

— No caso do trigo, vamos ver no próximo trimestre os efeitos da redução na produção — pondera o economista da Farsul.

Com a colheita sendo finalizada, será possível ter uma ideia mais precisa do quanto a produção do principal cereal de inverno irá encolher — a projeção é de que fique em torno de 50%.

Luz estima que, diferentemente do Brasil, a agropecuária no Estado não deva fechar o terceiro trimestre com resultado negativo. Dada a velocidade com que a economia está afundando, no entanto, as previsões — mesmo as mais pessimistas — para o ano são constantemente revistas.

A Farsul se prepara para a análise do que vem pela frente — o balanço anual será divulgado no próximo dia 14. E, ao que tudo indica, o tom para 2016 é de preocupação, mesmo no segmento que segue colhendo bons resultados e evitando tombos maiores nas indústrias relacionadas.

Fonte: Zero Hora