Preços no Brasil têm dificuldade para reagir e vendas da nova safra não chegam a 20%
A formação dos preços da soja no Brasil continua acompanhando a estabilidade do mercado na Bolsa de Chicago e, nesta terça-feira (28), as cotações terminaram mais um dia com pouca ou nenhuma movimentação e alguma variação. Além disso, o dólar voltou a recuar e foi mais um fator de limitação para as referências.
No mercado internacional, os futuros da commodity terminaram o pregão com baixas de pouco mais de 2 pontos entre as posições mais negociadas - levando o maio/18 - referência para a safra brasileira - à casa dos US$ 10,14 por bushel.
Enquanto isso, a moeda americana terminou o dia perdendo 0,36% para fechar com R$ 3,2087 e registrar seu menor valor desde 20 de outubro, segundo informa a Reuters. No mês, a baixa acumulada se aproxima dos 2%.
Dessa forma, a soja disponível manteve os R$ 74,00 por saca no porto de Paranaguá, enquanto cedeu 0,68% para R$ 73,00 em Rio Grande. Já nos indicativos da safra nova, R$ 74,30 no terminal paranaense - também estável - e registrando queda de 0,66% para R$ 75,50 por saca no gaúcho.
No interior do país, os destaques foram Sorriso/MT, onde a cotação cedeu 4,35% para R$ 55,00 por saca, além de algumas outras praças de Mato Grosso, onde as perdas ficaram perto de 1%. Já no Oeste da Bahia, a baixa foi de R$ 2,78% para R$ 61,25.
Já no Sul do Brasil, os preços permaneceram sem alterações entre as praças do Rio Grande do Sul, Paraná e Santa Catarina pesquisadas pelo Notícias Agrícolas.
Com essa dificuldade de reação das cotações no mercado nacional, as vendas seguem muito lentas, principalmente as da safra nova, com os produtores ainda reticentes e atentos ao desenvolvimento das lavouras não só aqui no Brasil, mas na América do Sul de uma forma geral, e às especulações sobre a possibilidade de um La Niña.
"(Da safra velha, ainda há um volume razoável para ser comercializado, bem maior do que em anos anteriores. Na safra nova, mais lenta ainda e, quando se fala em La Niña, os produtores optam por esperar dezembro e janeiro", explica o economista e analista de mercado Camilo Motter, da Granoeste Corretora de Cereais.
De acordo com os últimos números da agência Safras & Mercado, há 19,1% da safra 2017/18 comercializados, contra 25% do ano passado, nessa mesma época, e 41% da temporada 2015/16 e frente à média de 29% dos últimos cinco anos. Sobre a temporada 2016/17, são 88% já vendidos, contra 94% de média histórica.
Mercado Internacional
Na Bolsa de Chicago, os preços da soja trabalharam em campo negativo durante todo o dia, intensificaram as perdas no meio da tarde, mas as amenizaram no final do pregão.
"O clima, de um modo geral, está mais tranquilo na América do Sul, e o mercado agora está negociando clima em última instância. Mas, há ainda o lado técnico, com a atuação dos fundos", diz Motter.
Porém, volta a dizer que as condições melhores sendo observadas no Brasil e na Argentina podem ter sido os principais fatores a manter o tom negativo das cotações na CBOT. "O dólar mais forte lá fora e uma queda do petróleo também ajudaram nesta conformação", completa.
O caminhar de lado dos futuros da oleaginosa se dá pela falta de problemas efetivos na nova safra da América do Sul e as informações já conhecidas de oferta e demanda, principalmente com a conclusão da colheita da safra dos Estados Unidos.
"Os mapas climáticos atualizados para esta semana trazem a permanência de uma padrão bastante úmido chegando no Centro do Brasil. As regiões de São Paulo, Minas Gerais, oeste da Bahia, Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do sul serão favorecidas com índices pluviométricos acumulados de 25-100mm (...) Na Argentina, as chuvas também se concentram apenas no oeste do país, e totais pluviométricos expressivos não são observados para o centro e leste argentino, no mesmo período", mostram informações apuradas pela AgResource Brasil.
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