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Preços baixos desestimulam a comercialização da soja no Brasil

Com a ocorrência de chuvas nas últimas semanas, o plantio da safra brasileira de soja 2017/2018 conseguiu acelerar. Porém, os produtores estão preocupados com a janela de cultivo e os preços baixos que comprometem a rentabilidade da soja. “O plantio de soja atrasou e só vamos colher depois do dia 20 de fevereiro. O forte aqui da colheita sempre é no início de fevereiro, dessa vez vai ser no fim de fevereiro. Isso nunca aconteceu”, afirma o produtor José Nardes, que cultiva 2.000 hectares de soja em Primavera do Leste, em Mato Grosso, o maior estado produtor de soja.

O produtor conta que o atraso do plantio terá impacto negativo na safra. “A chuva atrasou e veio muito irregular. Isso já compromete a produção de soja. Dependendo da região, plantando em novembro já se espera uma queda de produção”, afirma. Nardes é presidente do Sindicato Rural de Primavera do Leste, que representa cerca de 700 produtores. Desde 1984 cultivando grãos nessa região, ele diz que precisou replantar 150 hectares por causa da falta de chuvas. “Foi a primeira vez que eu precisei replantar. As lavouras estão numa situação regular. Não está chovendo como a gente precisava. Espero que [o clima] normalize de dezembro a janeiro. A produção vai depender do clima.”

Baixa rentabilidade

Outra queixa dos produtores brasileiros é o preço da soja, considerado baixo. Segundo Nardes, a saca de 60 quilos de soja, que foi negociada em torno de R$ 75 na safra passada, atualmente é comercializada em Primavera do Leste por R$ 61 a R$ 62. “O preço da soja hoje não paga o custo. O mercado ‘comeu’ a nossa renda. Tem muita gente inadimplente na região”, afirma o produtor. “Estamos trabalhando sem renda. Não tinha motivo para chegar ao que chegou, estão manipulando o preço.”

O câmbio atual também pesa contra o produtor brasileiro. “Somos exportadores e o dólar desvalorizado atrapalha muito, quebra o setor”, afirma Nardes. Com esse cenário, ele diz até o momento só vendeu 10% da safra de soja 2017/2018. “O custo está dentro da média, em torno de 2.500 por hectare. O problema é o preço baixo da soja. O preço está muito ruim”, diz o produtor brasileiro. “Estou mais pessimista que otimista em função de tudo que está acontecendo no país.”

Plantio da soja

O plantio da safra brasileira 2017/18 atingiu 84% da área total estimada no dia 23 de novembro, de acordo com o mais recente levantamento da consultoria AgRural. O plantio está na reta final nos estados de Mato Grosso do Sul (99%), Paraná (96%) e Mato Grosso (96%). “As chuvas melhoraram e o plantio que estava bem atrasado se alinhou e está dentro da média”, afirma Daniele Siqueira, analista de mercado da consultoria AgRural.

Apesar disso, Daniele confirma que os produtores estão numa situação desconfortável. “A temporada 2017/2018 é uma safra mais difícil em termos de rentabilidade. E o produtor do Centro-Oeste sofre mais porque a logística é mais cara”, afirma Siqueira. “De modo geral, a comercialização está mais lenta porque os produtores estão esperando preços melhores”, afirma.

Segundo Siqueira, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) estima exportação de 65 milhões de toneladas de soja no ano comercial de 2017. No entanto, no período de janeiro até o dia 24 de novembro de 2017, a estimativa do ano foi superada, com exportação de 65,3 milhões de toneladas de soja. “A grande safra que tivemos em 2016/2017 encoraja os exportadores”, diz a analista de mercado da AgRural. “Como o Brasil está exportando muito, isso acaba prejudicando a cotação em Chicago.”

Fonte: SFAGRO

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