Preço do milho registra trajetórias opostas
A tendência para os preços do milho no começo de 2015 apresentam trajetórias opostas, puxadas, por um lado, pelo nível recorde dos estoques, e, por outro, pela perspectiva de menor colheita neste ano, afirma estudo do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea).
A situação pode levar os produtores a manter na segunda safra o mesmo tamanho de área plantada na primeira, quando o milho foi preterido pela soja por conta dos baixos preços vigentes no período, influenciados pela oferta recorde registrada em 2013/2014, o menor ritmo de exportações e chuvas escassas no Sudeste e parte do Centro-Oeste.
Segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a área da primeira safra de milho de 2014/2015 é de 6,18 milhões de hectares, queda de 6,6% na comparação com o mesmo período do ano passado, com produtividade média de 4.736 quilos por hectare, recuo de 1%.
Com isso, estima-se que a oferta de milho da primeira safra será de 29,3 milhões de toneladas, queda de 7,5%, representando a menor produção para o período em 15 anos.
No caso dos estoques, a Conab aponta que eles atingirão 15,5 milhões de toneladas a final de janeiro, o equivalente a 48% do total colhido no verão da safra de 2013/2014.
– Portanto, no primeiro semestre, haveria disponibilidade de 44,7 milhões de toneladas, que representa 81,3% de todo o consumo interno de 2015, estimado pela Conab em 55 milhões de toneladas, um recorde – afirma o responsável pelas pesquisas sobre o mercado de grãos do Cepea, Lucilio Alves.
O cenário faz com que a segunda safra seja primordial para a formação de preços da temporada 2014/2015. De acordo com o Cepea, a tendência é de uma menor área cultivada e uso menos intenso de tecnologia. O clima também deve pesar.
Uma simulação feita pelo Cepea que considera a mesma área cultivada na segunda safra de 2013/2014, mas com produtividade média nacional 2,4% maior, demonstra que a oferta da segunda safra poderia chegar a 49,4 milhões de toneladas. Somados estoques iniciais, oferta da primeira safra e um pouco de importação, a disponibilidade anual de milho chegaria a 94,45 milhões de toneladas. Ao se descontar o consumo interno, o excedente chegaria ao recorde de 39,45 milhões de toneladas.
Canal Rural
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