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Preço da soja é irreal e produtor deve atentar para riscos, alerta Farsul

A rentabilidade trazida para a soja pela valorização do dólar em relação ao real, embora positiva, por um lado, não deve levar a um descuido em relação aos riscos do negócio. O alerta foi feito nesta terça-feira (22/9) pela Federação de Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul (Farsul), que divulgou uma nota técnica sobre o assunto.

“Não quer dizer, de forma alguma, que esse movimento cambial não seja positivo para os sojicultores, entretanto, a taxa de câmbio é uma variável exógena, portanto, fora do controle do processo produtivo, não havendo nenhuma garantia de sua manutenção até a colheita”, diz o documento.

De acordo com Departamento Econômico da entidade, o atual valor recebido pelos produtores não representa a realidade do mercado internacional. O cenário é de cotações em patamares mais baixos, com produção nos principais países crescendo em rito maior que a demanda, especialmente nos últimos dois anos.

“A queda dos preços da soja tem preocupado seriamente os produtores de quase todo o mundo inteiro, sendo a única exceção os produtores brasileiros. Os graves problemas políticos, institucionais e econômicos que o Brasil enfrenta fizeram com que a taxa de câmbio aumentasse drasticamente nos últimos meses, trazendo aos produtores brasileiros uma sensação de que os fundamentos do preço da soja são sólidos e o preço está firme, o que não é verdade”, diz a nota da entidade.

Segundo a Farsul, na comparação de setembro deste ano com o mesmo mês no ano passado, o preço do grão em dólar caiu 26,7%, de US$ 25 para US$ 18,32 a saca de 60 quilos. Em reais, o valor no estado está em R$ 69,63 a saca de 60 quilos. Nas contas da entidade, o equivalente a R$ 29,03 são consequência direta da valorização cambial. Assim, o valor “real” da saca de soja no Rio Grande do Sul seria de R$ 40,60.

2016

Com base nas projeções econômicas publicadas semanalmente pelo Banco Central, no Boletim Focus, o Departamento Econômico da Farsul destaca que a tendência é o dólar se manter valorizado no ano que vem. Diante dessa expectativa, a entidade que reúne os produtores rurais gaúchos recomenda tomar conhecimento dos riscos e planejar.

Outra medida é, diante da volatilidade cambial, travar preços, principalmente com contratos de opção de venda. “Se, ao travar, limitamos os ganhos, por outro, limitamos as perdas. Na relação risco/retorno os níveis atuais de preço e as incertezas quanto o panorama político e institucional recomendam menor exposição ao risco”, diz o comunicado.

Fonte: Globo Rural