Skip directly to content

Para especialistas, câmbio e questões políticas podem aumentar taxa Selic

Apesar da desaceleração da atividade econômica e da sinalização do Banco Central (BC) de que irá manter a taxa básica de juros (Selic) nos atuais 14,25%, pelo menos até o final de 2015, a depreciação do câmbio e questões políticas podem mudar o cenário.Para Marcio Cardoso, sócio diretor da corretora de ações Easynvest, o processo recessivo em que o País se encontra traz as principais consequências do baixoconsumo e do enfraquecimento de vários setores.

As empresas estão capitalizadas e bloquearam ou estão segurando novos investimentos e contratações. Isso acontece porque a demanda está em queda, a indústria está produzindo menos, temos uma taxa de juros alta e o aumento do desemprego. São fatores que, somados, contribuem para a crise , avalia o especialista.

Em ata divulgada ontem, o Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom), indicou uma perspectiva positiva a respeito dos esforços da política monetária em conter os possíveis efeitos da inflação, apesar de os ajustes de preços relativos na economia terem tornado o balanço de riscos desfavorável para este ano . Além disso, avaliou que o cenário de convergência da inflação para 4,5% no final de 2016 tem se fortalecido.

Luciano Rostagno, estrategista-chefe do Banco Mizuho do Brasil, no entanto, ressalta que em curto prazo, a expectativa é que com a alta do dólar, a Selic volte a subir.

Dado o movimento do câmbio e da escalada politica, que por tornar o ajuste fiscal ainda mais difícil, impõe o risco de o câmbio continuar se desvalorizando, o Banco Central pode ser obrigado a retomar uma alta de juros em tentativa de conter efeitos inflacionários , disse Rostagno.

A respeito da sinalização em manter a taxa Selic estável durante período prolongado, o Copom afirma que uma política monetária vigilante em caso de desvios significativos se faz bastante necessária.

Para Cardoso essa decisão já era esperada, e reflete que a atual situação econômica brasileira é decorrente de políticas mal definidas.

A situação macroeconômica é muito mais uma função política hoje, do que oficialmente econômica. Enquanto eles não resolverem esse problema político, o Brasilvai continuar estagnado , opina.

Roberto Indech, analista da corretora de investimentos Rico, reafirma a dificuldade de uma perspectiva positiva e aponta o forte papel da crise política no Brasil na tomada de decisões. Pelo que nós podemos visualizar hoje, nesse exato momento, é que já existe uma grande possibilidade em alterações na taxa da Selic no cenário de curto e médio prazo, disse.

Os especialistas entrevistados pelo DCI concordam que a visão futura da taxa depende da evolução econômica do País, e Rostagno explica que a opção do BC em deixar esse patamar da taxa estável, é proveniente da expectativa de melhora no cenário prospectivo da economia.

O Banco Central está sinalizando a vontade de manter a taxa, mas reconhece o risco imposto pela alta do dólar e da desvalorização do câmbio no cenário inflacionário. Ele sabe que, dependendo da magnitude da elevação dos riscos, terá que voltar a atuar.

Expectativas

Segundo o Copom, a expansão da atividade doméstica neste ano ainda será menor do que o esperado. O comitê ainda afirma que o consumo privado mostra sinais de maior moderação em linha com recentes dados de crédito, emprego e renda , mas conta com um ganho de impulso nos investimentos e o crescimento moderado do consumo em médio prazo.

Para Cardoso, no entanto, o receio vem pela insegurança dos consumidores por conta da alta taxa de juros. Passar pelo aperto econômico que o Brasil está passando hoje, deixa as pessoas pensando duas vezes antes de consumir.

Além disso, o Copom manifestou preocupação perante a revisão fiscal, afirmando que as novas trajetórias fiscais afetaram as expectativas e os preços ativos .

Rostagno explica que se depender de políticas fiscais, as expectativas a curto e médio prazo no cenário brasileiro não tendem a melhorar. Dentro do ambiente de condições em que se encontra, o BC já fez o que tinha que fazer, mas a política fiscal tem ficado aquém das expectativas. O mercado e o cambio hoje refletem essa escalada da crise politica, o que dificulta ainda mais os reajustes da meta fiscal.

Indech, por sua vez, afirma só ver possível melhora na economia e abaixo da Selic a partir do segundo ou do terceiro semestre de 2016. Principalmente pela fraca atividade econômica, que com certeza deve persistir, ressaltou.

Fonte: DCI