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Maioria dos produtores não faz análise de risco de financiamento

De acordo com dados do Rabobank, banco holandês com forte presença no setor rural do cerrado brasileiro, 80% dos produtores rurais não realizam análise de risco formal para assumir financiamentos e 70% não realizam análise de risco formal para investimentos.

Os dados, apresentados pela diretora executiva do Rabobank, Fabiana Alves, durante a abertura do V Congresso ANDAV (Associação Nacional dos Distribuidores de Insumo Agrícolas e Veterinários), são baseados em um levantamento realizado pelo banco junto aos produtores e revela a falta de gestão de risco do setor após anos emabundância de crédito a juros negativos praticado por bancos públicos, como destaca Alves.

“Um excesso de rescursos a custo muito baixo nos últimos anos fez com que houvesse um investimento que nem sempre vai se mostrar eficiente. Uma parte desses investimentos pode não ter sido necessariamente eficiente”, explica a executiva do Rabobank. Segundo ela, taxas reais de juros seriam uma das formas de fazer com que o setor melhore a tomada de decisão.

“Temos hoje operações complexas, grandes, que movimentam grande quantidade de dinheiro e empregos. São empresas como outra qualque e portanto precisam atualizar um pouco a questão da profissionalização da gestão”, alerta Alves que cita, entre outras medidas, a imposição de limites para o endividamento e de capital próprio aplicado nos investimentos.

“O que queremos é que o produtor avalie quanto tempo ele vai precisar para que aquela divida seja paga. A divida total não deveria levar mais que três anos idealmente para ser paga. Claro que esse é um nível ideal e depende de vários fatores, mas esse deveria ser um limite a ser perseguido”, ressalta.

De acordo com o superintendente nacional de Agronegócios da Caixa Econômica Federal, Márcio Vieira Recalde, diante do contexto de desaqueciemnto da economia, mecanismos tradicionais de captação de recursos para financiamento do agronegócio como os depósitos em poupança e à vista sofreram intensa queda nos últimos meses, o que sinaliza para menor volume de crédito disponível para os próximos anos.

“Acabamos de sair de um período de inflação mais alto, é natural que os depósitos à vista e a poupança sofram uma retiada e isso afeta de forma direta as aplicações de recursos no mercado. Nesse sentido é fundamental que o produtor rural seja muito bem assistido e saiba aplicar muito bem sse recurso, saiba otimizar a produção dele ao máximo porque o recurso não vai estar na abundância que gostaríamos por questõesde mercado”, ressalta Recale.

Nos casos de produtores que realizaram investimentos muito elavados e extremamente alavancados nos últimos anos, a diretora executiva do Rabobank avalia que possa haver problemas pontuais de liquidez, sobretudo por conta de questões climáticas que afetaram alguns produtores.

“O setor é muito resiliente, são varias as opçõs de suporte financeiro e, embora alguns possam ter problemas de liquidez, isso é gerenciável e é uma questão de volatilidade. Vamos sair do outro lado talvez mais fortes e mais bem preprados do que antes”, destaca Alves.

Fonte: Efe Agro