Skip directly to content

“Sem derrubar árvores, temos áreas para incorporar à agricultura”, diz Schreiner

Como já vem defendo nos quatro cantos de Goiás, por onde passa para ouvir as demandas da população rural, o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg), José Mário Schreiner, inseriu informação na programação de uma Exposição Agropecuária. No último dia 28 ele esteve em Bom Jesus de Goiás, onde falou com produtores da região sobre o papel do agro no cenário econômico brasileiro. O local escolhido foi o stand do Sindicato Rural (SR) do município que foi montado no Parque Agropecuário, onde acontece a XXIII Exposição de Bom Jesus.

Schreiner foi recebido pelo presidente do SR, Rogério Issy, que aproveitou a oportunidade para falar sobre a necessidade de fortalecer as parcerias e a união do setor. “Ainda falta muita organização por parte dos produtores. Precisamos nos unir, planejar e buscar parcerias para colocar em prática o que precisamos para melhorar ainda mais nossa produção”, pontuou, destacando a parceria do Sistema de Cooperativas de Crédito do Brasil (Sicoob) Agro. O prefeito de Bom Jesus, Daniel Vieira Ramos, concordou e citou o exemplo do município, onde os quase 23 mil habitantes têm alguma relação com a agropecuária.

José Mário, que também é presidente do Conselho Administrativo do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural em Goiás (Senar Goiás), falou sobre as relações diretas e indiretas da população com o campo. “Com o aumento da população e a melhoria da renda o acesso ao alimento fica mais fácil e o trabalho do homem do campo, mais importante”, disse, fazendo um gancho para o tema exportações.

“Precisamos nos preparar para esse crescimento e para o crescimento dos outros países. Um ótimo exemplo é a China, onde a procura por leite vem crescendo consideravelmente. Nós também já estamos com um trabalho de estímulo ao consumo da carne bovina e do café. São oportunidades que precisam ser aproveitadas. Cada chinês bebe, por ano, três xícaras de café. Imaginem se fossem 30?”, pontuou. Schreiner, que também é vice-presidente diretor da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) citou ainda a instalação de um escritório da entidade em Pequim.

Falando sobre a crescente procura por alimentos, o presidente da Faeg citou o Brasil e a África como os dois únicos países capazes de suprir essa demanda. “Na África temos a questão cultural que não pode ser deixada de lado. Lá até hoje não se conhece a nossa velha matraca”, brincou. “Enquanto isso, o Brasil tem um território imenso, de 90 milhões de hectares, para incorporar à agricultura, sem derrubar nenhuma árvore”, completou.

Finalizando sua fala, Schreiner destacou a agropecuária em detrimento dos outros setores que compõem a economia. “Temos que bater no peito e nos orgulhar. Gritar: nós somos bons no que fazemos! O agro é atividade mais moderna e dinâmica do Brasil. E olha que nós evoluímos sem logística, sem estradas e com muitas outras dificuldades.”

Seguro Rural e Pacto Federativo

Na lista das dificuldades enfrentadas pelo produtor brasileiro, José Mário também falou sobre as mudanças no Seguro Rural, divulgadas no Plano Agrícola e Pecuário 2015/16. Na ocasião, definiu-se que a criação do Sistema Integrado de Informações do Seguro Rural (SIS-Rural) e a formação de grupos de produtores para negociação com as seguradoras. Goiás e Paraná serão os primeiros estados a testarem o modelo. Os produtores irão se organizar em grupos e assim serão atendidos pelas segurados, negociando diretamente o nível de cobertura e o valor de Prêmio. Além disso, o plano prevê a padronização das apólices de seguro agrícola, medida que começou este ano, quando foi definido o nível mínimo de cobertura das apólices, em 60%.

O presidente da Faeg aproveitou para se colocar publicamente na luta em prol de um novo Pacto Federativo. “Sou municipalista nato e defendo que os municípios sejam vistos de maneira especial, já que são nele que vivemos e por meio deles temos que oferecer saúde, educação e qualidade de vida a nossa população. É por isso que sou favorável ao novo pacto federativo no Brasil, onde possamos dividir os recursos de uma forma mais igual, mais equânime... dando aos prefeitos e vereadores a possibilidade de gerir melhor. Com uma divisão mais justa, poderemos administrar o Brasil de forma mais completa”, pontuou, se colocando ao lado dos municípios e estados que se dizem sobrecarregados de despesas diante da porcentagem que recebem da União, do montante total de impostos arrecadados. Do outro, a União alega que distribui o valor por meio de programas federais.

Atento às palavras de Schreiner, o produtor João Batista da Silveira, fez questão de elogiar a palestra de José Mário e concorda com a afirmação do presidente em relação a importância do agronegócio para o Brasil. "O agro não só empurra o país para frente, mas segura e aguenta o tranco. Seja na pecuária, na cana, nos grõs...nós é que trabalhamos e fazemos a diferença na economia. Prova disso é o PIB", explica. João cria gado de corte em 25 hectares no município de Bom Jesus de Goiás e, assim como Schreiner, vê com preocupação a falta de infraestrutrura no país. "Além disso, uma outra barreira que enfrentamso é a dificuldade de acesso às linhas de crédito. O pequeno produtor sofre com isso e precisamos de entidade como a Faeg para nos representar e nos ajudar".

Fonte: Faeg