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Indústria espera estabilidade no mercado de máquinas agrícolas em 2016

O mercado brasileiro de máquinas agrícolas deve ter em 2016 um desempenho igual ao deste ano. Foi a avaliação feita nesta terça-feira (4/8) pelo presidente da John Deere do Brasil, Paulo Hermann. Para ele, os fundamentos da agricultura permanecem positivos a ponto de favorecer a demanda por equipamentos e criar um ambiente de estabilidade para o próximo ano.

“O Brasil está colhendo uma safra recorde, o preço caiu em Chicago, mas o dólar compensou e o produtor vendeu com o mesmo preço de 2013. E o endividamento, de um modo geral, é de curto prazo. Ele tem caixa para fazer a compra. Estou esperando muita coisa pela frente”, disse Hermann, para quem o mercado só deve retomar o crescimento em 2017.

No primeiro semestre deste ano, as vendas internas de máquinas agrícolas foram de 24.706 unidades, uma redução de 25,1% na comparação com o intervalo de janeiro a junho do ano passado, quando a comercialização chegou a 33.003 unidades. Os números são da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores(Anfavea), que reúne os grandes do setor.

Para Hermann, as vendas de tratores em nível nacional devem encerrar o ano com queda de 10% em relação às 65 mil unidades do ano passado. Nas colheitadeiras, a retração deve ficar entre 15% e 18% em comparação com os 8,5 mil equipamentos de 2014. No entanto, ele descarta a ideia de crise. De acordo com o executivo, mesmo com a redução, a comercialização está acima da média do mercado que, só nos tratores, foi de 45 mil unidades anuais nos últimos 14 anos.

Nova linha

Em meio a este cenário, a John Deere inaugurou, nesta terça-feira (4/8) a ampliação de sua fábrica no município deMontenegro (RS). Segundo o presidente da John Deere no Brasil, investir em momentos desfavoráveis faz parte da estratégia da companhia. “Os investimentos devem ser feitos no momento em que o mercado está retraído porque, quando vem o bom momento, você pode aproveitar.”

A ampliação, iniciada em 2013, recebeu aportes de US$ 40 milhões, todo de capital próprio da companhia. Com isso, a empresa passa a nacionalizar a fabricação de tratores conhecida como 8R, com motores que podem variar de 270 a 370 cavalos de potência, produzida somente nos Estados Unidos. No Brasil, a plataforma de produção ainda está em fase final de ajustes e as primeiras unidades devem sair da fábrica a partir de novembro.

“Com a agricultura ficando cada vez mais intensiva, a tendência é cada vez mais o produtor procurar equipamentos de maior potência. Temos objetivos agressivos para este novo equipamento”, disse Hermann, sem detalhar metas para o novo produto, direcionado, principalmente, para grandes propriedades de grãos, algodão e cana-de-açúcar. A expectativa de retorno do investimento também não foi detalhada.

Hermann explicou que a comercialização dos novos tratores será feita, basicamente, com a modalidade deconsórcio e as linhas de crédito tradicionais. Na avaliação dele, mesmo com juros mais altos para o financiamento de maquinário, as taxas ainda são atrativas. “Se comparar com a expectativa de inflação, que está acima dos 9%, ainda é negativa. Não vamos mudar nossa forma de comercialização”, argumentou.

O executivo demonstrou uma expectativa positiva também para as exportações da nova linha de produtos, como forma de compensar, pelo menos em parte, os efeitos da queda nas vendas para o mercado interno. O foco é o mercado sul-americano, principalmente Argentina, Uruguai, Paraguai e Bolívia. “Não dá para compensar tudo porque o mercado brasileiro é muito grande. Mas países que têm tradições em grãos nos interessam”, disse Hermann.

A fábrica da John Deere em Montenegro (RS) iniciou suas operações em 2007. Atualmente, produz 19 modelos de tratores da companhia, todos voltados para a atividade agrícola. Com a nova linha de produtos, 24 modelos passarão a ser produzidos na unidade.

Fonte: Revista Globo Rural