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Retração da economia brasileira interfere na produção e produtividade agropecuária

A realidade do produtor rural hoje está difícil. Apesar dos limites de crédito terem aumentado, houve uma elevação muito grande no preço dos insumos. Os fertilizantes estão em torno de 23% mais caros, defensivos subiram entre 30% a 40%, alta na tarifa de energia elétrica de 50% a 100%, afetando a irrigação no campo, e a redução do consumo dos produtos trazem uma conjuntura negativa para o agricultor e o pecuarista.

Os números e os debates sobre o desenvolvimento da agropecuária brasileira ocorreram durante o seminário Financiamento da Agropecuária, que desde quinta-feira (30/07) discute assuntos de importância para o setor, em Brasília. O evento segue até hoje, sexta-feira (31/07) no Hotel Kubistheck Plaza e é organizado pela Associação Brasileira de Desenvolvimento (ABDE).

De acordo com Bruno Lucchi, superintendente técnico da Confederação de Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), é preciso estudar uma forma, junto às instituições financeiras, de desburocratizar e reduzir os custos administrativos do credito do produtor. “A CNA tem lutado para manter a competitividade no setor, gerando divisas e trazendo ganhos sociais para o País”, frisou.

João Cruz Reis Filho, secretário da Secretária de Agricultura, Pecuária e Abastecimento do Estado de Minas Gerais, concorda com Lucchi e acrescenta que a agricultura moderna precisa ter uma eficiência no processo administrativo, de modo a gerenciar seus riscos. “O desafio é levar tecnologia de ponta para o produtor rural. Produção e produtividade dependem do acesso à tecnologia. Temos que caminhar nisso. Levar a gestão para dentro da porteira”, observou.

O secretário de Minas Gerais comenta que da década de 70 para hoje, a produtividade brasileira cresceu 170%, isso particularmente em grãos. Também a pecuária teve crescimento em proporções semelhantes. Para ele, é preciso um parque de ciência e tecnologia bem estabelecido no Brasil com aparato do sistema de credito rural. “Dessa forma, o setor vai continuar em crescimento e cada vez mais competitivo”, frisou.

Apesar dos desafios citados e os índices agropecuários positivos, com 44% das exportações brasileiras, João Cruz acredita que a alta da moeda americana é um ponto a ser estudado. Segundo o secretário, vários dos insumos para a atividade da agricultura são validados pelo preço do dólar, como os fertilizantes. “Há redução na entrega desse produto para o produtor rural. Isso nos preocupa muito, pois menos fertilizante, menos produção agropecuária, menos produtividade”.

O secretário ressalva que a alta da moeda americana é muito boa para as exportações brasileiras. No entanto, muito ruim para a importação. “Temos um setor extremamente dinâmico, competitivo, exporta para vários países do mundo, temos ciência e tecnologia, temos suporte de crédito, mas ainda há um cenário de como lidar com esse equilíbrio, de quão bom o dólar é bom para exportação e quão ruim o dólar e para importação dos insumos”.

A conclusão do economista André Perfeito, chefe da Gradual Investimentos, é que toda essa concepção econômica mostra que além de ganhar dinheiro, o brasileiro tem que aprender a mudar os hábitos e se relacionar de maneira diferente com outros países. “Apesar de toda a retração econômica que o país vive, acredito que vamos passar sem grandes mudanças no setor agropecuário. Temos condições para isso. Estou otimista”, finalizou.

Números econômicos agropecuários
Algumas cadeias produtivas são mais afetadas pelo mercado internacional outras menos. Por exemplo: etanol exportação de 89%, carne Suína 85%, carne bovina 79%, carne de frango 68%. As culturas que tiveram mais impactos foram soja e café com 47%, em razão da retração do grande comprador do Brasil, a China.

Na balança comercial tivemos em 2013, 100 milhões em exportações de grãos e um saldo de quase 83 bilhões de dólares. Já 2014, esses números caíram para 80 bilhões e, no primeiro semestre de 2015, há uma acúmulo de 43 bilhões. Se não fosse o saldo positivo de 80 bilhões no agronegócio em 2014, o déficit na balança que é de 3,96% seria 83,96%.

No primeiro semestre de 2015, houve redução nas exportações de soja, que caiu de 41% para 36%. A exportação de carne está estável. Há crescimento no setor florestal e café, pois os principais compradores são Estados Unidos e Europa, países que estão com a economia em recuperação.

Principais países que importam do Brasil em 2015: China, União Europeia, Estados Unidos e Rússia.

Fonte: CNA