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Demanda por armazéns segue em alta, mesmo com economia reticente

A ida das indústrias às regiões interioranas de São Paulo e do Rio de Janeiro e o crescimento do e-commerce pelo País deverão manter a demanda por galpões logísticos até 2017. A perspectiva da Jones Lang LaSalle (JLL) é que, em dois anos, o País some 37,4 milhões de m² em galpão logístico, 50% mais do que o atual.

Só no Estado de São Paulo, a previsão da consultoria Herzog é de um avanço de 15,5% este ano no número de novos espaços, incrementado pelas cidades do interior. "Há demanda reprimida por dois motivos: os altos custos para operar nos principais centros brasileiros têm levado indústrias, de todos os portes, a regiões interioranas. Além disso, as regras para entrega do e-commerce pressionam as varejistas", afirmou o consultor logístico e professor de suply chain da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Cesar Lima Escócio.

Em São Paulo, além da região metropolitana, o interior do estado tem ganhado atenção das empresas. A perspectiva da Herzog é que este ano sejam lançados mais de um milhão de m² para a região, com destaque para as operações em cidades como Sorocaba, Limeira e Americana.

"Para quem não consegue operar nas grandes cidades, a opção é buscar operação em cidades mais afastadas, onde há descontos para operação e manutenção mais barata", comenta Escócio.

Segundo a diretora de serviços corporativos da Herzog, Simone Santos, houve redução da taxa de vacância no segmento nos últimos anos, o que sinaliza absorção boa da demanda. "Porém a margem de negociação está agressiva, pois além de descontos, os ocupantes conseguem redução em prazos extensos de carência nos contratos", diz.

Eixo Rio-São Paulo

Segundo balanço da JLL, São Paulo e Rio de Janeiro concentram 70% dos condomínios logísticos do País. Mesmo assim, a demanda é tão alta que a procura continua consistente mesmo com o desaquecimento econômico. "Antes, quem tinha fábrica fazia o próprio galpão. Hoje, a empresa aluga um espaço especializado e mais sofisticado, com padrões mundiais", diz o diretor de transações da JLL, Roberto Patiño.
Há poucos anos, a demanda por centros logísticos modernos era superior à oferta no País. Em pouco tempo, essa situação se inverteu. De olho nesse setor em expansão, a gigante Prologis se uniu em 2008 à CCP, da Cyrela, para entrar no mercado brasileiro. "O mercado continua saudável. Há muitos desafios impostos pela economia, mas temos confiança no brasileiro e vamos continuar investindo. O comércio eletrônico, como as redes varejistas, também é um motivador para a nossa indústria." Dos clientes da Prologis CCP, 60% são empresas multinacionais e 40%, nacionais.

Interior

Com investimento de R$ 300 milhões, a FREDi Desenvolvimento Imobiliário, do Grupo von IHering, lançou este ano o Polo Industrial de Tatuí, espaço que pretende atrair mais de 50 indústrias para o município. A perspectiva da empresa é faturar R$ 300 milhões em valor geral de venda (VGV) nos próximos cinco anos.

Segundo o presidente da empresa, Frederico Azevedo, com o custo de operação que pode chegar a 20 vezes menos do que o praticado em regiões mais metropolitanas, o que torna o cenário de baixo crescimento econômico bom. "Este é o momento de as indústrias repensarem os custos."

Para o professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro, o custo chega a ser até 25% menor em operações longe dos grandes centros.

Com a proposta de reduzir custos, a GR Properties segue otimista no Brasil. A empresa lançou no final do ano passado empreendimento GR Rodoanel, situado no município de Carapicuíba (SP). O local contou com aporte de R$ 67 milhões em investimentos, com capacidade de abrigar empresas do mais variados setores, como distribuidoras, transportadoras, e-commerces, indústria leve, entre outras.

"Outro fator benéfico é que o empreendimento mantém proximidade com o único trevo de acesso urbano do trecho oeste do Rodoanel, ficando a cinco quilômetros de distância das rodovias Castelo Branco e Raposo Tavares, e a nove da Régis Bittencourt", disse o diretor-geral da empresa, Guilherme Rossi, filho do megaempresário da construção João Rossi, da Rossi Residencial.

Fora de São Paulo

Este ano, a paranaense Capital Realty anunciou investimento na casa dos R$ 30 milhões em condomínios na Região Metropolitana de Curitiba até o final de 2015. O objetivo é duplicar a área construída do Mega Centro Logístico Curitiba, em Campina Grande do Sul. O empreendimento teve a primeira fase entregue em 2014 e abriga as operações da AGV Logística e da Bridgestone.

"O movimento entre as empresas de buscar os condomínios logísticos para instalar seus centros de distribuição é uma tendência e continua acontecendo mesmo no atual momento da economia", disse presidente da Capital Realty, Rodrigo Demeterco.

Segundo o executivo, há movimentação do mercado, em que as empresas estão deixando de usar galpões antigos e acabam "instalando suas operações em empreendimentos de padrão A e com oferta de serviços, que proporcionam eficiência e menor de custos".

Fonte: DCI