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"Safrinha" recorde será ferramenta de crédito

No momento em que a concessão de crédito a juros mais altos se torna um problema para o agricultor, que se depara com insumos mais caros, a receita da segunda safra de milho será um importante instrumento para cobertura de parte das despesas da temporada 2015/ 2016.

A avaliação é do sócio diretor da Agroconsult, André Pessôa, e foi dada ontem (24) durante a divulgação do balanço do Rally da Safra, sobre a safrinha 2014/ 2015. Segundo ele, que coordenou a expedição, o período prolongado de chuvas compensou o plantio fora da janela ideal e a redução no uso de tecnologia nas lavouras. O resultado foi um aumento de 9,3% na produção, em relação ao ano anterior, que chegará a 52,9 milhões de toneladas.

A produtividade atingiu a média de 92,9 sacas por hectare, contra 85,1 sacas por hectare registradas em 2013/2014. Com isso, o milho total desta safra deverá alcançar 83,7 milhões de toneladas - considerando as 30,8 milhões colhidas no verão - ganho de 4,6% e um novo recorde para o País.

"Esperamos que o milho seja uma ferramenta importante na composição de crédito dos produtores. Além das exportações, cuja comercialização já ultrapassou 60% com a receita incrementada pelo câmbio, toda oportunidade de venda que surgir no mercado interno para compor os insumos da próxima safra será aproveitada", explica Pessôa.

Os temores relacionados a financiamento são provenientes do acréscimo em torno de dois pontos percentuais às taxas de juros fixadas pelo Plano Safra para custeio e investimento. Um segundo montante disponibilizado pelo Ministério da Agricultura será operado a tarifas de livre mercado, ou seja, ainda maiores que os 8,75% convencionais.

A falta de armazenagem adequada favorece o apetite do produtor por negociações, que podem acontecer, inclusive, através de troca de sacas por insumos ou máquinas, operação conhecida como barter.

"Em contrapartida, como parte da colheita já teve os preços fixados em patamares melhores, o agricultor não precisa se sujeitar a venda por valores muito baixos e consegue esperar uma movimentação do mercado internacional, que não tende a cair. Há também uma expectativa de intervenção do governo para comercialização em algumas regiões. Com uma safra deste tamanho, é normal que alguns produtores fiquem abaixo do [preço] mínimo", avalia.

Quando os valores caem abaixo do mínimo estabelecido pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), o governo federal intervém por meio de Prêmio Equalizador Pago ao Produtor Rural (Pepro) ou Prêmio para Escoamento de Produto (PEP). Para o Mato Grosso, por exemplo, o preço mínimo é de R$ 13,56 por saca de 60 quilos. Ontem, o indicador do milho Esalq/BM&FBovespa fechou em R$ 25,10, logo, ainda favorável à rentabilidade do agricultor.

"Também tivemos uma influência positiva do El Niño tanto no Sul do Brasil, quanto na Argentina", completa.

Fonte: DCI