Skip directly to content

Estudo sobre dragagem vai medir o potencial para Santos se tornar hub

Com o intuito de transformar o Porto de Santos em um dos principais hubs portuários da América Latina - ou seja, no ponto central para coletar, separar e distribuir para regiões ou áreas específicas -, as empresas da Baixada Santista estão correndo com o estudo de viabilidade da região para saber a capacidade de aprofundamento do porto.

Mesmo com um atraso no calendário, o grupo ainda espera finalizar o estudo até agosto de 2016 para que o governo possa definir quem realizará o procedimento de dragagem de aprofundamento, que poderá ser feito por meio de concessão ou com recursos do Tesouro.

"Não está definido quem realizará o procedimento, ou de onde virá o aporte. O que se sabe é que no Plano de Investimento do governo consta apenas dragagem de aprofundamento, já que a de manutenção não é vista como investimento", afirmou o diretor da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antq), Mário Povia durante o Fórum Brasil de Comércio Exterior e Logística (Comexlog), ontem, em Santos (SP).

De acordo com ele, é fundamental descobrir o limite e as condições do canal. "Só depois será possível apresentar uma agenda ao governo. O final do projeto se encontra com o programa de concessões se for o caso", analisa. "É necessário entender a importância da iniciativa privada em suprir estudos que tinham de ser feitos pela iniciativa pública há muitos anos atrás", ressaltou o advogado do SPA Consult, Sérgio Aquino.

Desenvolvimento

Para o secretário municipal de Assuntos Portuários e Marítimos de Santos, Eduardo Lopes, o Projeto Santos 2017 é a oportunidade para discutir os limites do porto e estudar como evitar impactos ambientais. "Os navios crescem e exigem mais espaço. O mercado é dinâmico." Segundo o executivo, a concessão decorre da falta de agilidade do estado.

"Mas é necessário um modelo adequado. Locais como Montevidéu ou Buenos Aires não terão a capacidade de receber navios de 14 mil TEUs. Com certeza o Brasil receberá esses navios e não podemos deixar o Porto de Santos perder essa oportunidade", afirmou o CEO da BTP, Antônio Passaro. Ainda de acordo com Aquino, da SPA Consult, após o estudo é necessário pensar o modelo de concessão. "Temos de ver se o sistema de arrecadação atende as necessidades da administração portuária". Para ele, a manutenção de dragagem deve constar nas taxas recebidas pelo administrador.

Acesso

Outro debate durante o Fórum foi sobre logística. "Um dos maiores desafios no segmento é a liberdade dentro da gestão portuária", explicou o diretor executivo da Associação Brasileira de Terminais e Recintos Alfandegados (ABTRA), Matheus Miller. Ele diz ser necessário que os portos sejam vistos como elo da cadeia. "A velocidade é impactada diretamente pelo elo mais fraco. E a cadeia como um todo é prejudicada pelo acesso aos portos".

Um dos maiores desafios na hora de desenvolver o segmento é realizar projetos que não impactem a qualidade de vida dos moradores da cidade. Para isso, o prefeito de Santos, Paulo Alexandre Barbosa, afirma que desenvolver projetos é imprescindível ter a união de forças do Estado, da União e de autoridades municipais. "Mesmo com ajuda privada é imprescindível pensar a realização de um projeto na área sem o Estado", diz. Um exemplo é o projeto de R$ 700 milhões para melhorar as vias de Santos, com previsão de início em 2016. Os aportes serão do Estado, da União e do município. "Um dos caminhos para atrair cargas e novos empreendimentos é cuidar do acesso", fala o diretor Técnico da Associação Brasileira de Terminais Portuários Privativos (ABTP), Willen Manteli. Segundo ele, não adianta infraestrutura portuária adequada, sem acesso e intermodalidade. "No caso de Santos existe intermodalidade, mas falta acesso".

Eficiência

O executivo afirmou que a falta de logística e racionalidade no transporte pode custar pelo menos 5% a mais às empresas. "E isso provoca 10% a menos de produto exportado. Com falta de produtividade perdemos competividade", analisa.

Para exemplificar isso, Manteli cita o uso de papel diferente do aeroviário, que já utiliza sistemas de reconhecimento eletrônicos. "Não temos porto sem papel. É um pequeno exemplo do quanto a gestão pode impactar. Não é necessária muita coisa: precisamos de gestão em operações como agendamento de entrada de caminhões, gerenciamento de logística. Já existe em outros países. Temos de reproduzir".

O ministro dos Portos, Edinho Araújo, fechou o encontro em Santos, lamentando o ano de ajuste fiscal, mas disse esperar que o impacto no setor seja o menor possível. De acordo com ele, já foram realizadas duas audiências públicas para processos de licitação de dragagem. "Queremos formatar propostas para submeter à decisão da presidente Dilma. Além disso, achamos que as docas precisam de investimentos. Em paralelo será feita a licitação de dragagem", afirmou.

Fonte: DCI