Plataforma Nacional de Biorrefinarias aponta o caminho para economia do futuro
A necessidade do país de alinhar conhecimento e demandas do mercado para dar competitividade aos produtos de fontes renováveis e sustentar a chamada Economia Verde foi um dos pontos principais de reunião entre o ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, Aldo Rebelo, com o setor de biodiesel, na última quarta-feira (29).
Para o presidente do Conselho Superior da Ubrabio (União Brasileira do Biodiesel e Bioquerosene), Juan Diego Ferrés, a evolução do Programa Nacional de Produção e Uso do Biodiesel representa um vetor nesse sentido.
"A Ubrabio, junto com a sua experiência no biodiesel, tem uma familiaridade com esse envolvimento de novas soluções de combustíveis relacionadas a conhecimento. São combustíveis que devem ser utilizados em sobreposição ao petróleo, que precisa ser substituído por combustíveis sustentáveis. E isso requer conhecimento para tornar esses produtos mais competitivos e mais baratos em relação aos de petróleo", explicou.
Durante o encontro, o chefe-geral da Embrapa Agroenergia, Manoel Souza, entregou ao ministro a proposta da Plataforma Nacional de Biorrefinarias Integradas, a Plataforma BioBrasil, que integra o Programa Nacional de Plataformas do Conhecimento (PNPC). Sob o comando do MCTI, o objetivo é articular o sistema empresarial com pesquisa e inovação para gerar avanço científico com impactos diretos na vida da população brasileira.
"Nós aproveitamos dois setores bastante consolidados no Brasil, etanol e biodiesel, para construir uma proposta de fortalecimento da área, de forma a aumentar a eficiência na produção e transformação da biomassa e na diversificação de produtos com maior valor agregado. Queremos aumentar a competitividade desse setor num exercício de construção de uma economia de base biológica para o Brasil", explicou Souza.
O presidente da Frente Parlamentar Mista do Biodiesel, deputado federal Evandro Gussi (PV/SP), também participou da reunião e destacou a importância do combustível renovável para a indústria, a agricultura e a população brasileira. "Os interesses do setor concorrem em uma grande sinergia com o interesse público. Ele agrega valor aos nossos produtos agrícolas, fortalece a agricultura familiar, e reúne uma série de fatores que fazem com que o natural interesse empreendedor esteja alinhado ao interesse público. Todos querem energia limpa, sustentável e que agregue valor", ressaltou.
Ao receber o documento, Rebelo destacou a necessidade de aproximação do mercado com a academia. "Essa plataforma, e o PNPC na forma como foi concebido, vai servir como um roteiro para superar uma dificuldade que nós temos no Brasil que é a da aproximação do mercado com a academia. E nas áreas onde nós temos essa oportunidade, nós precisamos aproveitar melhor. E uma delas eu acho que é essa".
Ferrés se colocou à disposição para contribuir com o programa, ajudando a construir uma economia baseada em bens sustentáveis. "O Brasil é um país privilegiado pela natureza e esta é a estrutura econômica do futuro, com bens sustentáveis. Para tal é preciso organizar plataformas do conhecimento e estamos aqui de braços abertos para oferecer nossa ajuda no sentido de abreviar a obtenção de resultado nessa área que acreditamos ser benéfica para a sociedade brasileira", completou Ferrés.
Souza destacou ainda o papel importante dos biocombustíveis no desenvolvimento de uma economia verde. "Essa é uma tendência mundial, o Brasil já identificou essa oportunidade, a presidente Dilma com a sanção dessa plataforma e com a seleção desse tema já mostrou a importância da economia verde no Brasil a partir de biocombustíveis".
Casa de ferreiro não pode usar espeto de pau
O ministro Aldo Rebelo também manifestou apoio à proposta do B Agro, que permite a utilização de percentuais maiores de biodiesel adicionado ao diesel fóssil que abastece as máquinas agrícolas.
"Casa de ferreiro não pode usar espeto de pau. Máquinas agrícolas deviam dar exemplo e ser referência no aproveitamento do combustível que sustenta as máquinas agrícolas", defendeu o ministro.
O diesel é o combustível mais utilizado no país e abastece ônibus, caminhões e máquinas agrícolas, por exemplo. Atualmente, todo o diesel fóssil terrestre comercializado no país contém 7% de biodiesel (B7), em atendimento à lei 13.033/2014, que estabelece a obrigatoriedade desta mistura.
Florival Carvalho, diretor da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), conta que a ANP é o órgão responsável pela garantia de qualidade do biocombustível e vem acompanhando o biodiesel desde o início do PNPB. "Hoje a questão de qualidade é uma questão resolvida. A entrada do biodiesel no mercado através da mistura com o diesel, hoje em 7%, em nada alterou a qualidade do que é entregue ao consumo da população".
MCTI no Seminário B20 Metropolitano
A Ubrabio apresentou, ainda, o B20 Metropolitano, proposta de uso de 20% de biodiesel no diesel (B20) usado pelo transporte público das grandes cidades brasileiras e recebeu o apoio do secretário de Desenvolvimento Tecnológico e Inovação, Armando Zeferino Milioni. "A posição do MCTI na CEIB (Comissão Executiva Interministerial do Biodiesel) é a favor do B20. Então nós estamos com uma pauta única na mesa".
Aldo Rebelo também manifestou interesse em participar do seminário organizado pela Ubrabio e pela Embrapa Agroenergia, que acontece em Brasília no dia 21 de maio, com o objetivo de abreviar a adoção do B20 pelos grandes municípios.
"Um dos mercados que a gente entende que tem que ser agregado imediatamente ao da mistura obrigatória é o B20 Metropolitano, que capta, além dos benefícios ambientais, os benefícios de saúde da população das grandes cidades", explicou Ferrés.
Participaram da audiência o ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, Aldo Rebelo, o secretário de Desenvolvimento Tecnológico e Inovação, Armando Zeferino Milioni, a secretária executiva do MCTI Luciana Acioly, o ex-diretor da ANP Haroldo Lima, o diretor da ANP Florival Carvalho, o chefe-geral da Embrapa Agroenergia, Manoel Souza, o presidente da Frente Parlamentar Mista do Biodiesel, deputado federal Evandro Gussi (PV/SP), o presidente do conselho Superior da Ubrabio, Juan Diego Ferrés, os vice-presidentes da Ubrabio, Irineu Boff e Paulo Mendes, Pedro Granja e Rômulo Morandin representando a Fiagril, o presidente da Ubrabio, Odacir Klein, o diretor superintendente da Ubrabio, Donizete Tokarski, o diretor executivo da Ubrabio, Sergio Beltrão.
Fonte: Embrapa
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