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Algodão diferenciado pode dar mais lucro e proteger o meio ambiente

Marrom claro, marrom escuro e verde. Estas são as cores de cada cultivar desenvolvida pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa Algodão) com o objetivo de produzir um tipo de algodão com melhor preço de mercado e que dispensa o tingimento, sem agressão ao meio ambiente.

Marrom claro, marrom escuro e verde. Estas são as cores de cada cultivar desenvolvida pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa Algodão) com o objetivo de produzir um tipo de algodão com melhor preço de mercado e que dispensa o tingimento, sem agressão ao meio ambiente. A partir de estudos e experiências, os pesquisadores da estatal já lançaram as variedades (cultivares) BRS 200 Marrom, BRS Verde, BRS Rubi, BRS Safira e BRS Topázio.

“A cor da fibra é uma característica genética. A principal vantagem de se plantar o algodão colorido é seu preço.

O produtor recebe bem mais pela fibra colorida do que pela branca. Há outras vantagens, como por exemplo, ambientais, pois o colorido dispensa o tingimento, evitando contaminação do meio ambiente com resíduos de tinta, economiza água e energia que são gastos quando se vai tingir e lavar o tecido na indústria”, explica o pesquisador da Embrapa Algodão Luiz Paulo de Carvalho, responsável pelo desenvolvimento das variedades coloridas. Ele ainda ressalta que o custo de produção do algodão colorido é o mesmo do algodão branco.Experimentos com o algodão colorido têm alcançado êxito, como o observado no Assentamento Margarida Maria Alves, a cem quilômetros de João Pessoa, no Estado de Paraíba, cujos produtores de algodão receberam auxílio da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária. Neste ano, 15 famílias assentadas colheram e comercializaram cerca de cinco mil quilos de fibra, negociada antecipadamente com a Associação da Indústria do Vestuário da Paraíba a dez reais o quilo.

“A Embrapa, por meio de seus técnicos, ofereceu (aos assentados) assessoramento técnico, desde o plantio, condução da lavoura, combate às pragas, colheita, beneficiamento e enfardamento da pluma. Desenvolveu ainda pequenas máquinas de beneficiamento e pequena enfardadeira para serem usadas por pequenos produtores, como os deste assentamento. Existem aproximadamente sete outras comunidades que trabalham da mesma forma que no Margarida Alves, só que plantando o algodão de fibra branca de forma orgânica, ao invés do colorido”, informa Carvalho.

Ele destaca que o algodão colorido do Assentamento Margarida Maria Alves é conduzido de forma orgânica, “ou seja, durante a condução da lavoura, não é utilizado nenhum produto químico, como fertilizantes, inseticidas, fungicidas, reguladores de crescimento, entre outros; e, quando necessário, faz-se a opção por estes produtos na forma orgânica”.

Para 2015, está previsto o lançamento de outra variedade marrom, mais produtiva e com maior qualidade de fibra.

“A variedade em questão foi desenvolvida pela Embrapa em parceria com a Fundação Bahia. Ela possui a cor marrom, mais claro que a variedade BRS Rubi e possui a fibra com melhor comprimento e melhor resistência que esta, além de outras características de fibra também melhores.Ela deverá ser lançada este ano e suas sementes estarão disponíveis para os produtores em 2016.”

Conforme Carvalho, o algodão de cor azul está ainda em fase de pesquisa e não há previsão de quando vai ser obtido. “A pesquisa busca modificar o gene da cor marrom fazendo-o expressar a cor azul. Por isso, é um processo demorado e não há previsão de quando isso vai ser conseguido.”

Produção de algodão

HISTÓRICO:

Para quem não sabe ainda, o algodão colorido existe no meio ambiente há mais de 4,5 mil anos, ou seja, é tão antigo quanto o branco e muitas espécies nativas já foram encontradas em escavações no Paquistão e no Peru. O que diferencia o colorido do branco é que o primeiro possui fibras curtas e fracas e não aguentam a fabricação de fios e tecidos. Daí a necessidade de trabalhar com o melhoramento genético das cores para ampliar sua resistência e comprimento.

A partir do ano 2000, a Embrapa Algodão iniciou suas pesquisas com cultivo de algodão colorido orgânico e agroecológico. Atualmente, é usado por agricultores familiares da região Nordeste para produzir uma fibra ecologicamente correta.

Neste sistema agroecológico, o produtor de algodão explora os recursos disponíveis em sua propriedade, não podendo usar agroquímicos, como adubos, fungicidas, herbicidas, inseticidas, entre outros defensivos agrícolas que podem poluir a água e o solo. O cultivo deste tipo de algodão favorece o produtor, porque ele não precisa se preocupar com a armazenagem, transporte, preços e cuidados com estes produtos químicos, que podem ser perigosos e prejudiciais à saúde e ao meio ambiente se não forem manejados corretamente.

No sistema de cultivo agroecológico, segundo a Embrapa Algodão, os adubos químicos dão lugar aos naturais, como pó de rocha, esterco de curral, esterco de frango, entre outros. O controle de insetos e doenças é feito com extratos vegetais, por meio do cultivo de plantas como gergelim, capazes de atrair formigas e outros insetos, e ainda colhendo o botão floral atacado pela praga do bicudo, por exemplo.

Conforme a Embrapa Algodão, esta forma mais ecológica de produção eleva a biodiversidade e a segurança alimentar do homem do campo, pois geralmente o algodão é cultivado ao lado de outras culturas alimentares tradicionais, como amendoim, coentro, feijão, gergelim, milho, etc..

MERCADO EXTERNO

De acordo com a Embrapa, em abril de 2015, o algodão colorido produzido no Semiárido da região Nordeste do País marcará presença na feira “1.618 Luxo Sustentável”, em Paris, França. O evento seleciona as melhores iniciativas voltadas para o consumo sustentável ao redor do mundo e o do Assentamento Margarida Maria Alves representará o Brasil.

Fonte: Embrapa Algodão