Soja: Preços no Brasil ainda não atraem vendedores; negócios são pontuais e têm ritmo lento
Nesta terça-feira (28), os futuros da soja negociados na Bolsa de Chicago fecharam o dia em alta. Os principais vencimentos terminaram a sessão com ganhos de 2,50 a 4,50 pontos, porém, ao longo do dia, registraram altas de dois dígitos e as duas primeiras posições chegaram a superar os US$ 9,80 por bushel.
Segundo explicou o consultor Vlamir Brandalizze, da Brandalizze Consulting, o mercado - que ainda está carente de novidades significativas - se comportou de forma técnica neste pregão e, dessa forma, ao bater na ainda resistência do patamar de US$ 9,80, devolveu parte das altas registradas ao longo dos negócios. Assim, o maio/15, por exemplo, fechou o dia com US$ 9,77 por bushel.
Paralelamente, para analistas internacionais, o suporte para as cotaçõe veio também da demanda pela soja norte-americana, vide as duas novas vendas anunciadas pelo USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) nesta semana. Nesta terça, foram 390 mil toneladas da safra 2015/16 e, nesta segunda (27), 158 mil da safra 2014/15, ambas para destinos desconhecidos.
"Dois anúncios de vendas nesta semana, uma da safra velha outro da nova, deram suporte ao mercado", afirmou o editor e analista do site norte-americano Farm Futures, Bob Burgdorfer. Para ele, os traders ainda dividem seu foco entre os atuais estoques norte-americanos e o recém iniciado plantio da nova safra de soja nos Estados Unidos.
"O relatório dos embarques semanais divulgado nesta segunda-feira mostraram que o volume bateu no topo das estimativas do mercado ao somarem 311,622 mil toneladas. Em relação ao mesmo período do ano anterior, os embarques já estão 11% maiores, enquanto o USDA estimava que seriam apenas 9% maiores em todo o ano comercial 2014/15 se comparados aos embarques da temporada anterior", explica Bryce Knorr, também analista da Farm Futures.
A semeadura da oleaginosa foi concluída em apenas 2% da área até o último domingo (26) de acordo com o USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) e o número, no mesmo período do ano passado, era de 3%. Já a média dos últimos cinco anos para esse intervalo é de 6%. Nas principais regiões produtoras do país, as condições climáticas já se mostram mais favoráveis e os trabalhos de campo, segundo avaliação e relato de analistas internacionais, devem transcorrer com tranquilidade.
Mercado Brasileiro
No Brasil, os preços apresentaram ligeira recuperação nesta terça-feira. O dólar, depois de uma sessão de volatilidade, encerrou o dia em campo positivo, ficando em R$ 2,9422, após bater na mínima de quase dois meses. E a variação da taxa cambial tem sido o principal fator de influência para a formação dos preços no mercado interno, e as consecutivas e recentes quedas vêm limitando uma retomada mais forte das cotações.
Assim, a soja para maio, no porto de Paranaguá, encerrou o dia valendo R$ 65,50, com alta de 1,55% e, em Rio Grande, terminou os negócios com R$ 67,10 por saca e ganho de 1,67%. No porto de Santos, o último preço foi de R$ 67,00 e mostrou estabilidade. Ainda no terminal gaúcho, a soja para maio/16 ficou em R$ 71,00.
No interior do país, algumas praças de comercialização apresentaram altas significativas - de quase 3% -, porém, os valores ainda são bem mais baixos do que os praticados há algumas semanas e, de acordo com consultores e analistas, insuficientes para estimularem novas vendas por parte do sojicultor brasileiro.
Um dos fatores que ajuda a manter algum suporte aos preços, principalmente nos portos brasileiros, são os prêmios ainda muito fortes. Os valores apresentaram uma ligeira baixa nesta terça em relação ao movimento dos últimos dias, mas ainda se mantêm em patamares bastante importantes.
No terminal de Paranaguá, os valores variam, nas principais posições de entrega, entre 64 e 75 centavos de dólar sobre os valores praticados em Chicago. Em Rio Grande, os prêmios superam os 80 cents.
Segundo explica Vlamir Brandalizze, os negócios no mercado brasileiro ainda seguem pontuais e com um ritmo bem mais lento nesse momento, já que os atuais patamares de preços estão bem distantes do alvo dos produtores. O consultor explica ainda que, em algumas regiões, o foco de valor para venda é de R$ 75,00 base porto para que, no interior do país, a remuneração seja a desejada. E essa quadro, para Brandalizze, poderia fortalecer ainda mais os prêmios nos portos do Brasil.
Fonte: Notícias Agrícolas
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