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Brasil pode dobrar a produção de milho

A ideia é ousada: trabalhar para chegar rapidamente às 100 milhões de toneladas por ano (a safra de 2015 registrou uma colheita de aproximadamente 80 milhões de toneladas) e, em alguns anos, dobrar a produção de milho no Brasil. Apresentada pelo vice-presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Milho (Abramilho) e também da Federação da Agricultura de Pecuária do Estado de Santa Catarina (FAESC), Enori Barbieri, a proposta pode soar um tanto desconexa da realidade, já que foram apontados excedentes para estoque do grão. O dirigente, no entanto, afirmou que o aumento na oferta possibilitaria a manutenção da balança comercial brasileira em alta, além de impulsionar o comércio de proteína animal com os países asiáticos.

“Nos últimos anos, o agronegócio é que vem dando sustentação econômica ao Brasil. E isso continuará É por isso que precisamos pensar em um projeto que esteja fora da lógica atual, mas que tenha uma perspectiva gigantesca para o futuro”, destacou Barbieri. Segundo ele, essa iniciativa baseia-se na projeção de consumo de proteínas pela população da Ásia.

Vice-presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Milho (Abramilho) e também da Federação da Agricultura de Pecuária do Estado de Santa Catarina (Faesc), Enori Barbieri

Hoje, um Chinês, por exemplo, consome somente quatro quilos de proteína animal por ano, contra 109 quilos de um norte americano. Com o aumento do poder aquisitivo desses países, esse número cresce exponencialmente. “Os olhos das agroindústrias estão voltados para esta parte do mundo. Ninguém mais sonha com os mercados europeu ou americano. A Ásia é a perspectiva do crescimento”, sentenciou. Com base na projeção do crescimento no consumo de frango e suíno pelos asiáticos, a Abramilho idealizou uma grande safra de milho como subproduto para a indústria transformadora de proteína animal. “O milho pode dar origem a inúmeros bens de consumo, como a alimentação humana e, principalmente, ração animal. Porém, o projeto só será bem-sucedido se toda a cadeia entender que esta é uma forma eficiente de dar sustentação aos produtores rurais”, explicou Barbieri.

Com a exportação de todo o volume de milho mais em forma de proteína e menos na forma bruta, a balança comercial brasileira teria um peso pesado a seu favor.

Fazer esta ideia dar certo, no entanto, não requer apenas o aumento vertiginoso da produtividade. Capacidade de estocagem, transporte interno por ferrovia ou cabotagem e fluxo de embarque nos portos são questões fundamentais para que a iniciativa de uma supersafra como forma de sustentação econômica seja viável. Afinal, não é de hoje que as questões logísticas são entrave até mesmo para safras de menor monta. Fazer chegar a quantidade de milho produzida hoje no País nas agroindústrias de transformação já é desafio maiúsculo. Como disse Barbieri, fazer funcionar o escoamento de uma safra nunca antes registrada será trabalho para todas as forças envolvidas no setor, em nome de um projeto nacional de futuro.

CNA