Aprosoja vê prejuízo em polos de MT e MS
Em linha com a expectativa geral derivada da combinação entre preços em baixa e custos em alta, a Associação dos Produtores de Soja do Brasil (Aprosoja Brasil) projeta rentabilidades bem inferiores às das últimas temporadas para a produção do grão no país nesta safra 2014/15. As estimativas da entidade continuam a apontar um quadro mais sombrio que o traçado por algumas consultorias e reforçam que, em alguns polos da região Centro-Oeste, os agricultores terão prejuízo.
Os cálculos da Aprosoja indicam que no município de Sorriso (MT), um dos líderes nacionais na produção do grão, a margem líquida deverá ser negativa em R$ 318 por hectare, em média. Em 2013/14, a margem média no polo mato-grossense foi positiva em R$ 637. O cálculo para a nova safra leva em consideração uma receita bruta de R$ 1.945 por hectare e um custo total de R$ 2.263.
"Se continuar assim, com margem líquida negativa, é melhor vender terras e aplicar os recursos que seriam gastos na produção", diz Fabrício Rosa, diretor-executivo da Aprosoja Brasil. O estudo da Aprosoja Brasil que projeta receitas, custos e rentabilidade também contempla outras cinco cidades de Mato Grosso do Sul, Goiás e Bahia, além de todo o Estado do Paraná. E chega à conclusão que os custos da produção nacional serão, em média, 22% maiores na safra 2014/15 que em 2013/14.
Segundo as projeções, os defensivos subirão 41%, mas também há altas para sementes (28%) e fertilizantes (16%). Na média, o custeio da lavoura tende a ficar 21% mais caro.
O estudo usa como base para os cálculos de rentabilidade um câmbio de R$ 2,33, o que sugere uma expectativa de que a saca em Sorriso será vendida, em média, por R$ 39 em 2014/15, ante R$ 48 na temporada anterior. Mas, ainda assim, a previsão da Aprosoja Brasil é que a área plantada com o grão vai aumentar 3%, para 31 milhões de hectares, e que a produção nacional alcançará 90,5 milhões de toneladas, 4,8 milhões a mais que no ciclo anterior.
As primeiras impressões da Conab para 2014/15 indicaram uma colheita de quase 95 milhões de toneladas, a partir de uma área de 31,6 milhões de hectares. O vazio sanitário terminou em 15 de setembro e o plantio já está liberado, mas ainda não se tem confirmação de que os trabalhos já tenham sido efetivamente iniciados - sobretudo pela falta de chuvas em Mato Grosso.
As previsões da Aprosoja Brasil também são alarmistas para Chapadão do Sul e Cruz Alta, em Mato Grosso do Sul, - margens negativas de R$ 579 e R$ 147 por hectare, respectivamente. Fabrício Rosa afirma que os problemas serão sentidos sobretudo por pequenos e médios produtores, para quem custos com insumos pesam mais. As projeções mostram margens de lucro positivas no Paraná (R$ 23 por hectare em média no Estado), em Rio Verde, Goiás, (R$ 419), em Balsas, Maranhão (R$ 221), e Barreiras, na Bahia (R$ 131).
Valor Econômico
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