Redução no plantio de milho sinaliza incerteza para cultivo nos EUA
Após anos de safras recordes, os Estados Unidos se preparam para reduzir a área plantada com milho pela primeira vez desde a crise econômica de 2008, sinalizando um período de incertezas para o principal grão cultivado no país.
De acordo com o diretor de pesquisa em políticas agrícolas e de alimentos da Universidade do Missouri, Patrick Westhoff, os produtores norte-americanos encontram hoje uma maior competitividade no mercado de etanol e veem a China importando cada vez mais da América do Sul e da região do Mar Negro. 'É um mundo bem diferente daquele de alguns anos atrás', afirma.
Relatório divulgado ontem pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) projeta um plantio de 91,7 milhões de acres (37,1 milhões de hectares) com milho no ano-safra 2014/15, 4% menos que os 95,3 milhões de acres (38,5 milhões de hectares) semeados em 2013/14. Parte dessa perda com milho deve ser preenchida com outros grãos, principalmente soja.
Nas últimas quatro décadas, os EUA responderam por mais de dois terços de todas as exportações globais de milho. Em 2012, uma severa estiagem no país reduziu essa participação para meros 20%. Em 2013, houve uma recuperação, mas ainda assim os embarques norte-americanos preencheram apenas 36% de toda a comercialização mundial, segundo o USDA.
O peso do milho na agricultura dos EUA deve-se, em grande parte, às metas obrigatórias de mistura de etanol na gasolina - por lá, o biocombustível é feito a partir do cereal. Recentemente, no entanto, carros mais eficientes levaram o governo a estudar uma redução desses requerimentos.
Paralelamente, produtores norte-americanos passaram a ser 'ameaçados' pelas safras de outros países, em especial pela da Ucrânia. A nação do Mar Negro deve exportar 45% mais milho neste ano, num total de 18,5 milhões de toneladas. Segundo o USDA, a área plantada com milho no mundo, excluindo-se os Estados Unidos, deve crescer 35 milhões de acres (14,1 milhões de hectares) em 2014/15, para 349 milhões de acres (141,2 milhões de hectares).
Agência Estado
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