Alta do dólar estimula novas vendas de soja no Brasil e câmbio volta a ganhar importância na formação de preços

A Bolsa de Chicago (CBOT) apresentou leves quedas. Contudo, os produtores brasileiros possuem uma oportunidade de melhores vendas em função da alta do dólar, como conta Ênio Fernandes, consultor em agronegócio.

O Rio Grande do Sul, que ainda possuia uma grande quantidade de soja sem comercializar, começou a esvaziar seus estoques com maior rapidez. Entretanto, nas regiões mais empresariais, como Goiás e Mato Grosso, os produtores travaram soja para 2018 aproveitando a curva futura em relação ao dólar.

Isso ocorre por uma diferença na comercialização: os grandes produtores travam parte da sua soja em reais e protegem parte dos seus custos na mesma moeda, esperando mais um pouco para a dívida em dólar. Para o médio e pequeno produtor, a alta do dólar é uma oportunidade de travar e proteger débitos. Quanto mais o dólar valoriza, mais chance esse produtor possui de travar os preços.

No mercado internacional, uma série de incertezas sobre a moeda americana, no que tange ao novo presidente do Banco Central (FED) americano e também à fraca popularidade de Donald Trump dentro do seu partido. Em um cenário interno, as eleições de 2018 também deixam uma situação incerta. A volatilidade no câmbio, por sua vez, afeta a renda dos produtores brasileiros.

Na comercialização, os norte-americanos aguardam para vender soja. O Brasil, por sua vez, não possui muita soja disponível. Estes fatores podem trazer algumas oportunidades em Chicago nos próximos meses. Além disso, o clima na América do Sul, que ainda está iniciando seu plantio, pode trazer algumas janelas de oportunidade.

A recomendação de Fernandes, portanto, é que aqueles produtores que enxergam a oportunidade de uma margem boa realizem a proteção de seu negócio. Porém, ainda há muito a acontecer nos próximos meses.