O mercado da soja, milho e trigo frente aos números da safra 2017/18
Os balanços de oferta e demanda mundial e brasileiro da soja, milho e trigo, publicados pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos e pela CONAB, sinalizam a comercialização da safra brasileira das três commodities por preços significativamente mais baixos do que os recordes alcançados em safras anteriores, mas sem perspectiva de quedas acentuadas em relação aos preços que estão sendo atualmente praticados.
Na safra 2017/18, a produção mundial da soja foi estimada em 347,9 milhões e toneladas, apenas 3,3 milhões de toneladas abaixo do recorde da safra anterior, e o estoque final em 96,1 milhões de toneladas, 1,2 milhão a mais do que na safra 2016/17. E a previsão de preços publicada pelo USDA oscila entre U$ 8,35 a U$ 10,05/bushel, contra a média de U$ 9,47 da safra anterior. A safra brasileira de soja foi estimada em 107,1 milhões de toneladas, 7,0 milhões abaixo do recorde produzido na safra anterior, e a exportação em 64 milhões de toneladas, 1,0 milhão abaixo do recorde exportado em 2016/17. Estes números praticamente consumirão todo o estoque final da safra anterior, de 3,6 milhões de toneladas.
Os preços praticados no Brasil correspondem a paridade da exportação, ou seja, a cotação internacional somada ao prêmio e multiplicado pela taxa de câmbio. Os valores recebidos pelos produtores paranaenses, entre R$ 56,00 e R$ 61,00 a saca, estão e ficarão acima dos custos de produção, gerando lucro.
A produção mundial de milho foi estimada em 1,039 bilhão de toneladas, 36 milhões a menos do que o recorde da safra anterior, e o estoque final em 201,0 milhões de toneladas, ou 26,0 milhões a menos do que o estoque de passagem da safra 2016/17. Por esta razão, a estimativa de preços divulgada pelo USDA oscila entre U$ 2,8 a 3,6/bushel, contra a média de U$ 3,36 que vigorou no período de comercialização da safra 2016/17.
A safra brasileira 2017/18 foi estimada em 92,9 milhões de toneladas, caso a segunda safra seja a mesma da colhida neste ano. O consumo interno foi estimado em 57,9 e a exportação em 30 milhões de toneladas, números que ampliam o estoque final para 24,5 milhões de toneladas, novo recorde em relação ao recorde do período anterior, de 19,1 milhões de toneladas. Estes números não dão margem a recuperação dos preços, a não ser mediante quebra da produção ou por aumento da exportação, e foi por esta razão que os produtores reduziram a área plantada de milho na primeira safra e substituíram pela soja. Atualmente os preços recebidos pelos produtores paranaenses oscilam entre R$ 17,40 a R$ 21,50 a saca, levemente acima da paridade de exportação e tenderão a ficar na paridade da exportação, ou seja, preços abaixo do custo operacional de produção.
A safra mundial de trigo está estimada em 751,2 milhões de toneladas e o estoque final em 268,1 milhões de toneladas. Em relação a safra anterior, a produção é 3,0 milhões menor e o estoque final 11,6 milhões de toneladas maior. Assim, a cotação internacional, segundo o USDA, deve oscilar entre U$ 4,4 a 4,8/bushel, comparativamente a média de U$ 3,89 que vigorou na comercialização da safra 2016/17.
A produção brasileira de trigo em 2017 foi castigada por geada, seca entre julho e setembro, e excesso de chuva posteriormente, o que provocou a redução da produção nacional para 4,9 milhões de toneladas e manteve a necessidade de importação em 7,0 milhões de toneladas. O cenário exposto evidencia que os preços recebidos pelos produtores correspondem a paridade de importação. No Paraná, entre R$ 32,00 a R$ 33,00 a saca, ou seja, inferiores ao custo operacional de produção e do preço mínimo fixado pelo governo, apesar da intervenção do governo no mercado via PEP e PEPRO.
A taxa de câmbio desempenha um papel fundamental nos preços recebidos pelos produtores brasileiros dos três produtos. Ela está oscilando entre R$ 3,08 a R$ 3,20, valores abaixo da considerada de equilíbrio. Estes valores reduzem os preços do trigo importado posto no Brasil e também os preços recebidos pelos produtores na comercialização da soja e do milho. Em contrapartida, contribuem significativamente para o combate à inflação.
Fonte: MASSA NEWS
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