Com margem apertada, Safra 2017/18 de soja pode não pagar custos totais
O Custo Operacional Efetivo (COE) orçado para a safra 2017/18 de soja deve subir nas principais regiões produtoras do Brasil em relação à temporada passada, segundo cálculos do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP, realizados em parceria com a CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil). A elevação está atrelada à recente elevação do preço do diesel, devido ao aumento do PIS/Cofins que incide no preço do combustível e do frete agrícola. Além disso, os reajustes do salário mínimo e da energia elétrica devem impulsionar o Custo Operacional Efetivo (COE).
Quanto a insumos, para os produtores que os adquiriram entre janeiro e julho de 2017, o principal impacto frente à safra anterior é a leve redução nas cotações dos fertilizantes, que foi compensada por um ligeiro aumento nas cotações dos principais defensivos agrícolas utilizados.
Para chegar a essa constatação, foi realizada uma simulação de custos de produção mantendo-se os coeficientes técnicos (quantidade de insumos, operações mecânicas, mão de obra) da safra 2016/17, atualizados os valores médios dos insumos, da mão de obra, do diesel e o preço de venda da produção nos primeiros sete meses de 2017, nas seguintes regiões: Rio Verde (GO), Sorriso (MT), Balsas (MA), Cascavel (PR) e Carazinho (RS). Na produtividade, foi considerada a média histórica das últimas cinco safras.
Ao serem considerados os custos totais (CT) de produção para todas as regiões, que englobam desde o desembolso para se produzir (COE), a depreciação e até os juros de capital imobilizado e de oportunidade da terra (arrendamento), nenhuma das variedades de soja foi capaz de igualar o CT à receita.
O quadro mais crítico projetado se refere à soja tolerante ao herbicida glifosato e resistente a lagartas (TH e RI), em Balsas (MA). Nas condições simuladas, faltarão 11,09 sc/ha para saldar o CT. Em Sorriso, o cenário também é complicado, uma vez que, na soja TH, faltarão 8,6 sc/ha e, na TH e RI, 9,84 sc/ha para que o produtor típico pague o custo total.
Por outro lado, o menor resultado em sacas de soja por hectare para saldar o COE foi encontrado em Cascavel, de 36,61 sc/ha para a soja TH e de 40,43 sc/ha para a TH e RI. Os custos operacionais da região paranaense no geral, além de levemente inferiores às demais na soja TH, têm preços de venda superiores no mesmo comparativo, principalmente quando comparados com regiões do Centro-Oeste e do Nordeste.
Em termos monetários, o maior COE estimado foi o de Carazinho, somando, para a soja TH, R$ 3.038,39/ha. Quanto à soja TH e RI, o COE foi de R$ 3.181,80/ha. Com estes custos operacionais, dado o preço médio de venda de janeiro a julho de 2017, de R$ 60,99/sc de 60 kg, o produtor precisará produzir ao menos 49,82 sc/ha e 50,53 sc/ha na soja TH e na TH e RI, respectivamente, para saldar o COE. Ao se considerar o Custo Total (CT), o produtor desta região gaúcha precisará produzir ao menos 73,08 sc/ha na soja TH e 73,79 sc/ha na soja TH e RI para pagar o CT, volume até mesmo superior à média de produtividade coletada no painel de custo de produção da safra 2016/17 na região, que foi de 73 sc/ha na soja TH e 68 sc/ha na soja TH e RI, produtividade bem significativa quando analisadas as médias históricas regionais.
Assim, dado o atual cenário de preços de insumos e preços de venda da produção nos atuais patamares, a safra 2017/18 sinaliza um cenário bastante apertado de receitas e custos, uma vez que os custos de produção estão altos e os preços, bem inferiores aos de safras anteriores. Isso pode resultar em um cenário de produtividade mais justa, comprometer os resultados finais da temporada e agravar o caixa dos agricultores, principalmente os que já trabalham com fluxos e receitas restritos.
Fonte: CEPEA
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