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Cortes no Plano Safra preocupam representantes do agronegócio

Representantes de entidades ligadas ao agronegócio demonstraram preocupação na última sexta-feira (4), durante seminário na Câmara dos Deputados, com a possibilidade de cortes no orçamento do Plano Safra 2016/2017, que deve ser anunciado em junho pelo governo federal.

As preocupações, segundo as entidades, decorrem do aumento do custo de produção das principais commodities agrícolas do País (soja, milho, trigo, algodão, café), sobretudo por conta da alta do dólar, dos gastos com defensivos agrários e da retração do mercado chinês, que reduziu as compras do Brasil.

Superintendente do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (IMEA), Daniel Latorraca exemplificou que o custo da produção de soja no Mato Grosso aumentou 70% nos últimos cinco anos. Latorraca ressaltou a defasagem entre o custo da produção agrícola no estado e os preços mínimos praticados pelo governo, por meio da Política de Garantia de Preços Mínimos (PGPM).

“Hoje, o preço mínimo está em R$ 26,38 por saca, e o custo de produção estimado para 2016 é de R$ 52,90 por saca”, disse, mostrando que, no caso da soja de Mato Grosso, a defasagem beira 50%.

Prioridades

O secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Eduardo Sampaio lembrou que o País já conta há mais de 15 anos com um conjunto de instrumentos de apoio aos agricultores, com créditos subsidiados à produção e à comercialização, seguro rural e o PGPM. No entanto, reconheceu que o Plano Safra 2016/2017 virá com restrição de recursos e que é preciso estabelecer prioridades.

“É uma safra que vai ter uma forte restrição de recursos. Nós vamos direcionar para custeio e esquecer investimento? Ou vamos focar em comercialização?”, disse o secretário, que destacou mudanças nas ações do governo no sentido de priorizar a equalização de preços de venda em vez da compra de estoques.

Como ex-secretário de Política Agrícola do Mapa, Ivan Wedekin defendeu que o apoio ao crédito é mais importante que o apoio ao preço. “Manter a subvenção ao credito rural é fundamental”, avaliou. Para Wedekin, a política de preços mínimos serve para muito pouco por ser localizada, setorizada e não é universal.

Ele defende que a política de preços mínimos seja integrada aos mecanismos de mercado, como os contratos de opções – que permitem firmar contratos com preços pré-fixados. “Enquanto isso a gente fica aqui discutindo aqui que o preço mínimo tem que cobrir o preço de produção”, criticou.

 

Fonte: Agência Câmara