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Brasil e Argentina se comprometem a reativar todos os mecanismos bilaterais

Brasil e Argentina se comprometeram nesta quinta-feira (14/1) a reativar seus vínculos bilaterais durante a visita do ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, a Buenos Aires, onde foi recebido pelo presidente, Mauricio Macri, e se reunirá com os titulares de diferentes pastas do país vizinho.

"Estabelecemos um plano de trabalho que vai ter essencialmente duas linhas: a ativação de todos os mecanismos bilaterais existentes em cada um dos setores e o objetivo que em nossas reuniões bilaterais sigamos o desenvolvimento dos prazos fixados e o avanço dos compromissos assumidos", detalhou a chanceler argentina, Susana Malcorra, em uma breve entrevista coletiva conjunta após o final de seu encontro com Vieira.

Ambos destacaram as relações "prioritárias e estratégicas" entre os seus países e especificaram que, embora tenham falado também de questões globais e regionais, centraram sua primeira sessão de trabalho em temas bilaterais.

Por sua parte, Vieira antecipou que vários ministros do gabinete deDilma Rousseff já estão preparados para visitar a Argentina e entregou a Macri uma carta pessoal de convite da presidente.

"Estivemos trabalhando com as mangas arregaçadas em coisas concretas, falando especificamente de indústria, comércio, setor energético, transporte, especialmente da hidrovia que também envolve o Uruguai, onde estivemos conversando deste mesmo tema poucos dias atrás com o presidente Mauricio Macri", comentou Malcorra.

A chanceler argentina assegurou que as partes se encarregarão de que cada um dos "ministros das distintas áreas estabeleça sua própria relação bilateral com sua outra parte", que incluirão também Defesa, Agricultura e Ciência e Tecnologia.

Entre os temas regionais e globais de interesse comum, Vieira se referiu a Mercosul, Unasul e à governança global no marco do sistema das Nações Unidas.

Na coletiva, na qual quase não houve espaço a perguntas pela apertada agenda de Vieira, os ministros não ofereceram detalhes sobre as negociações do acordo de livre-comércio entre o Mercosul e a União Europeia, um dos temas que tanto o governo de Macri como o de Dilma consideram prioritários em curto prazo, após 20 anos de conversas entre ambos blocos.

A situação na Venezuela foi outro dos assuntos da agenda da visita e ambos ministros concordaram em assinalar que a solução aos problemas do país "deve ser procurada no interior".

"Temos certeza que, como ocorreu nas eleições, a vontade do povo expressada nas eleições vai prevalecer", ressaltou o brasileiro, insistindo na necessidade de respeitar a soberania venezuelana.

Já Malcorra salientou que segue "com muito interesse" a evolução da Venezuela, um "país irmão", e assinalou que a função dos demais países da região é assegurar "que se cumpram todos os princípios democráticos, de liberdades e da separação de poderes".

Vieira, que chegou ontem a Buenos Aires, se reunirá também com o ministro da Fazenda e Finanças de Macri, Alfonso Prat-Gay, antes de concluir sua visita.

Antes da reunião, em um encontro com correspondentes estrangeiros, Prat-Gay ressaltou a importância das relações bilaterais e confiou em um "diálogo simples" com o Brasil.

Prat-Gay admitiu que a Argentina olha "com preocupação" a delicada situação econômica do Brasil e apostou também em reativar o Mercosul, reconhecendo que "nos últimos anos, os dois sócios majoritários estiveram distraídos por distintas razões".

O ministro se referiu também à queda do índice do risco-país argentino abaixo do brasileiro pela primeira vez nos últimos anos para admitir sua satisfação, não por estar debaixo do Brasil, disse, mas porque é uma resposta às medidas econômicas do governo de Macri.

Fonte: Agência Efe