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Agronegócio vira campo fértil para empresas de TI

As dificuldades econômicas têm exigido do setor agrícola um alto nível de profissionalização. De olho na demanda de um dos segmentos mais rentáveis do País, soluções para o agro viraram aposta das empresas de TI.

Foi no chamado Innovation Center da multinacional alemã SAP, localizado em São Leopoldo (RS), que nasceu o primeiro sistema da companhia criado especificamente para o agronegócio. "Ouvimos demandas do setor e, após três anos de desenvolvimento, o SAP ACM chegou ao mercado, em 2012", contam o gerente de desenvolvimento, Roberto Kuplich, e o arquiteto de soluções, Marcos Rahmeier, em entrevista ao DCI. "Para nós, a crise se torna uma oportunidade", acrescentam sobre o momento econômico do País.

O ACM consiste em um gerenciador de contratos que considera fatores como a regulamentação, legislação vigente, cotações das commodities em bolsa de valores e no mercado futuro. De acordo com os executivos, no momento em que um caminhão de soja entra na empresa, é possível prever todo o fluxo de caixa de pagamentos, por exemplo.

Bayer, Monsanto e Cargill são algumas das companhias agrícolas que têm algum tipo de relação estabelecida com a solução, seja já em uso ou como possível cliente (prospects). A trading de soja, milho e algodão, Multigrain, finalizou em fevereiro deste ano a implantação de um pacote de 12 soluções da SAP, dentre elas o ACM. As aquisições fizeram parte de um plano de expansão para os próximos cinco anos. "Nossas análises e controles de contratos eram feitos manualmente por meio de planilhas, questão que gerava grande atraso em nossas negociações e limitava nossa busca por melhores oportunidades de negócios", lembra o PMO e responsável pela implementação do SAP na Multigrain, Alexandre Gomiero.

Sem revelar os aportes e resultados exatos com o ACM, Kuplich e Rahmeier destacam que a solução está em uso por tradings e companhias de insumos de todos os continentes, exceto África. A próxima novidade do sistema é sua adaptação às operações de barter, um tipo de venda com base na troca de insumos por grãos, que tem assumido um papel importante na composição do custeio desta safra - que teve as despesas encarecidas pela alta do dólar. "Fizemos nossas considerações e estamos em fase de aprovação com as empresas", afirmam, sobre a nova adequação.

Só em 2014, a SAP investiu 2,331 milhões de euros em pesquisa e desenvolvimento.

Outras soluções

Após a implementação do projeto de TI da empresa de serviços digitais Atos, realizada a partir do ano passado, a cooperativa paranaense AgráriaAgroindustrial obteve resultados em eficiência e qualidade no serviço de atendimento.

Houve um aumento de 60% de satisfação dos usuários, maior segurança com a implementação de sistemas de informação, além de abraçar duas certificações ISO 9001 (em um período de um ano). A unidade cooperativista conta com cerca de 600 cooperados, 1.100 colaboradores e faturou, em 2014, R$ 2,2 bilhões.

Em São Paulo, desde 2013, a Usina Alta Mogiana começou a buscar alternativas para melhoria nos processos e chegou ao georreferenciamento fornecido pela companhia Imagem, especializada em soluções de Inteligência Geográfica.

"A solução possibilitou uma considerável aceleração das atividades, permitindo melhorar a qualidade e aumentar a produtividade das tarefas, por meio da integração dos processos de planejamento e mapas, do preparo do solo, do plantio e da colheita", conta o gerente de desenvolvimentoagrícola da usina, Luis Augusto Contin. De acordo com o executivo, a unidade fabril otimizou em até 60% no tempo de planejamento e análises de operações agrícolas.

O gerente de agronegócios da Imagem, Alexandre Marques, ressalta que o segmento representa entre 15% e 20% dos resultados da empresa. Para a implementação da Inteligência Geográfica, o aporte de um produtor vai de R$ 10 mil a R$ 50 mil e de uma agroindústria, até R$ 200 mil, com retorno entre 30% e 70% no aumento de produtividade.

"No momento de crise, o mercado de agro é o que mais solicita porque aparecem as dores de gestão", comenta Marques. Para ele, por mais que o cenário seja de recessão, o ambiente de negócios está favorável, tanto que os níveis de crescimento têm sido mantidos. A empresa deve avançar 20% na média anual.

Fonte: DCI