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Farm Bill: Brasil irá monitorar subsídios para soja e milho

O setor produtivo do Brasil vai acompanhar de perto os programas da lei agrícola dos Estados Unidos (Farm Bill) aprovada em janeiro, em especial a destinação de US$ 40,3 bilhões em subsídios para a produção de milho e outros US$ 19,2 bilhões para a soja entre 2014 e 2018. 'Vamos montar um grupo de vigilância para monitorar esses subsídios nocivos, que podem aumentar a produção e derrubar preços', afirmou a presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), senadora Kátia Abreu (PMDB-TO).

A entidade apresentou nesta quarta-feira o estudo 'Política Agrícola dos Estados Unidos e da União Europeia: Impacto no Agronegócio Brasileiro', elaborado pelo engenheiro agrônomo e economista André Nassar, da consultoria Agroicone, que aponta a soja e o milho como 'as grandes surpresas negativas para o Brasil'. Segundo Nassar, os norte-americanos criaram faixas de preço de referência interna acima da previsão do mercado. Com isso, os agricultores do país podem receber compensações maiores que a variação de mercado, o que deve incentivar o aumento da produção e contribuir para pressionar negativamente o mercado.

O consultor também identificou um aumento nas faixas de prêmios do seguro rural, que passa a cobrir de 70% a 90% das perdas dos agricultores. A mudança deve manter a alta de produção, derrubando os preços internacionais.

O diretor do departamento econômico do Itamaraty, embaixador Paulo Mesquita, presente no seminário que discutiu o estudo, evitou polemizar sobre um potencial novo contencioso entre Brasil e EUA na Organização Mundial do Comércio. Segundo ele, o Brasil busca soluções bilaterais para que haja compensações. 'A primeira medida que se busca é eliminar subsídios que prejudiquem não apenas o Brasil, mas também produtores da África e da Ásia', disse. Mesquita, contudo, reconheceu que os subsídios podem levar Brasil e EUA a um novo embate na OMC. 'Na ausência de uma compensação satisfatória não teremos outra solução senão a abertura de um painel contra os Estados Unidos na OMC', afirmou.

O embaixador avaliou que os programas que compõem a nova lei agrícola americana 'não são compatíveis com as responsabilidades dos Estados Unidos na OMC'.

Agência Estado