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Embrapa busca desenvolver soja transgênica resistente à seca

Cientistas ligados à Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) estão trabalhando no desenvolvimento de um novo tipo de soja geneticamente modificada que resista às secas, segundo informou nesta quarta-feira, 12, o órgão.

No entanto, segundo Alexander Nepomuceno, pesquisador da Embrapa e um dos responsáveis pela pesquisa, ainda não se tem uma data determinada sobre quando esse tipo de tecnologia estará disponível para a produção.

"Não há uma data, a tecnologia está aí, mas faltam alguns resultados além dos pertinentes estudos de biossegurança", comentou Nepomuceno em declaração à Agência Efe.

A investigação se inscreve nos esforços do Brasil para crescer no setor dos transgênicos e é realizada em parceria com diversas instituições japonesas.

Atualmente, de acordo com o investigador, estão sendo realizadas "provas de campo" para observar sua evolução e comprovar a resistência dos novos cultivos.

Esse tipo de soja geneticamente modificada poderia aumentar notavelmente a produção do cultivo no Brasil, um dos poucos países do mundo no qual se podem realizar duas colheitas anuais.

No entanto, a região Sul - principal produtora de soja do país - sofre com frequência secas que reduzem a produção. Além disso, o verão deste ano, um dos mais fortes da história do país

Neste ano, Brasil enfrenta um dos verões mais quentes de sua história, o que tem um efeito direto sobre a produção agrícola.

Os planos dos pesquisadores preveem que assim que acabar a investigação da patente fique nas mãos da instituição e, assim, "poder formar várias empresas para que comercializem o produto final", apontou Nepomuceno.

Assim "o preço será mais baixo", segundo o chefe de Transformação de Tecnologia da Embrapa, Alexandre José Catellán.

Catellán também destacou que o processo de pesquisa "é muito caro" por isso é necessário que exista um "retorno econômico", razão pela qual venderão essas tecnologias às empresas comercializadoras.

O Brasil, hoje o segundo produtor mundial de transgênicos, conta com a Comissão Técnica Nacional em Biossegurança (CTNBio), responsável pela aprovação de qualquer produto geneticamente modificado lançado ao mercado.

O organismo, colegiado e multidisciplinar, presta apoio técnico consultivo ao governo federal e será o responsável último de autorizar o novo produto que poderia situar ao Brasil à frente da produção transgênica de soja.

Assim, o Brasil se soma à corrida iniciada pelas grandes multinacionais na busca de um produto que poderia revolucionar o mercado e também outorgar um notável avanço na pesquisa transgênica mundial.

Nesse sentido, o país consegue ficar há dois anos à frente da pesquisa mundial quando a Universidade de São Paulo (USP) desenvolveu os primeiros mosquitos transgênicos.

Com a intenção de combater a dengue, os mosquitos geneticamente modificados e soltos nas regiões mais afetadas pela doença no Brasil eram machos estéreis, o que garantia evitar sua reprodução.

Ao reduzir a população de mosquitos, a transmissão da doença diminui notavelmente, lembrou Nepomuceno.

No entanto, a libertação desses mosquitos foi duramente criticada por grupos ambientalistas, tradicionalmente contrários à experimentações transgênicas, já que, na sua opinião, não haviam sido realizados testes suficientes.

Agência EFE