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Dólar impulsiona projeção

O Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea) realizou sua atualização trimestral da projeção do Valor Bruto de Produção (VBP) para o ano de 2015. No embalo da melhora nos preços dos principais produtos da cesta de exportação nos últimos três meses, a estimativa de março para VBP chegou a R$ 43,64 bilhões, apresentando um crescimento de 5,4% perante a estimativa de dezembro.

Apesar da revisão positiva, em relação a primeira projeção do VBP divulgada pelo Imea em dezembro do ano passado, os números atuais, se confirmados, praticamente empatam com o saldo de 2014, quando a renda bruta agrícola somou R$ 43,49 bilhões. Não fosse a reação do dólar e a uma movimentação interna da demanda, voltada especialmente à soja e ao milho, a projeção para 2015 seria negativa ante o realizado no ano passado. O VBP é um importante indicador que corresponde ao faturamento bruto da cultura da porteira para dentro. Para se chegar à estimativa de renda, o Imea considera o valor médio de cada commodity no período de análise e volume de produção estimado. São consideradas as seguintes atividades agropecuárias: soja, algodão, milho, cana-de-açúcar, arroz, produtos florestais e lenha, boi, aves, leite e suínos. Dessas, algodão, milho e suínos têm estimativas de VBP negativas, ou seja, inferiores à renda obtida em 2014.

Como destacam os analistas do Imea, a maior variação no período foi observada na soja, que saiu de R$ 20,63 bilhões e foi para R$ 22,40 bilhões, alta de 8,6%. “Vale destacar que a oleaginosa representa 51% do VBP total da agropecuária do Estado. Com um cenário de câmbio mais favorável para os setores agroexportadores do Estado, essa segunda estimativa do VBP mudou a tendência de queda, em relação ao ano passado, para uma de estabilidade. Nesse sentido, comparado com o ano passado, a estimativa atual obtém uma leve alta de 0,2%. Dessa forma, apesar da desaceleração do crescimento visto nos últimos anos, a agropecuária do Estado deve ter mais um ano positivo de maneira geral”.

Quando se analisam as variações por setores da atividade agropecuária no VBP, percebe-se que, dos dez acompanhados pelo Imea, sete obtiveram variação positiva de dezembro para março. O grande destaque positivo na variação relativa vai para aves, que obteve um crescimento de 19%, por conta, principalmente, do ajuste no abate prevista para esse ano. “Por outro lado, o setor de suínos apresentou queda de 30%, muito explicado pela mudança na expectativa de preço pago ao produtor”. Os setores de algodão, bovinocultura de corte e leite, cana e produtos florestais praticamente se mantiveram estáveis em relação a primeira estimativa.

“Como a representatividade do setor de aves é pequeno no VBP total da agropecuária, as variações positivas ocorridas tanto na soja, quanto no milho, foram as principais molas propulsoras da alta ocorrida no total. Do lado da pecuária, o boi, que tem uma participação de 21%, também ajudou na manutenção do total de 2015”, observam os analistas.

O Milho – Como destaca o Imea, se analisada a série histórica do VBP do milho em Mato Grosso, observa-se que a produção na safra 2011/12 teve seu maior valor bruto devido aos altos preços, na verdade, a uma dobradinha de produção com preços.

Já na safra 2012/13, os preços despencaram em consequência da grande oferta anterior, ocasionando assim um VBP menor. Para o atual ciclo, 2014/15, a estimativa do VBP é de R$ 3,84 bilhões, a um preço médio de R$ 15,08/saca.

Apesar de a safra em pleno desenvolvimento apresentar uma expectativa menor para produção se comparada à anterior, espera-se que o VBP tenha uma queda menos acentuada devido ao aumento do dólar neste ano, sendo este um fator de grande relevância para a melhora dos preços. “Desta forma, o VBP poderá continuar sendo sustentado por estes preços mais elevados, caso a moeda norte-americana permaneça em altos patamares, mesmo com a expectativa reduzida para a produção do cereal”.

O Imea projeta uma produtividade média de 100 sacas por hectare e uma produção de 15,29 milhões de toneladas, perspectiva que se confirmada será 13,7% inferior as mais de 17,71 milhões de toneladas do ciclo anterior.

Fonte: Diário de Cuiabá