Dólar em queda pressiona cotações nos portos e reduz volume de negócios no Brasil
Os preços da soja fecharam o pregão desta terça-feira (24) com estabilidade na Bolsa de Chicago, registrando ligeiras baixas de menos de 2 pontos entre os principais vencimentos. O mercado trabalhou durante todo o dia em campo negativo, entretanto, com baixas limitadas. As posições mais negociadas terminaram a sessão ainda na casa dos US$ 9,80 por bushel, com o maio/15, referência para a safra brasileira, em US$ 9,81.
"Há uma tendência de o mercado tentar buscar os US$ 10,00 nos próximos dias, mas para isso, ele precisa de uma notícia boa e nesse momento não há (...) O mercado está em compasso de espera pelos números que saem na semana que vem da estimativa de plantio americana do USDA e, se o departamento não confirmar o aumento de área isso vai ser uma notícia positiva e o mercado fura os US$ 10", acredita Vlamir Brandalizze, da Brandalizze Consulting. No link abaixo, confira íntegra da entrevista do consultor:
Até que esses números sejam divulgados, bem como os de estoques trimestrais em 1º de março nos EUA que também serão reportados no final de março, o mercado deverá continuar caminhando de lado, compensando movimentos positivos e negativos. Afinal, ainda segundo Brandalizze, o mercado internacional está bem abastecido no momento - principalmente com soja brasileira, depois de bons negócios realizados nas últimas semanas - e agora o ritmo da comercialização se mostra ligeiramente mais lento.
"Tivemos mais de 15 milhões de toneladas de soja brasileira negociadas neste mês de março do Brasil para o mercado internacional. Então, os compradores não mostram agressividade e quando o mercado começa tentar a recuar ou o dólar perder fôlego, para não derrubar muito os indicativos dos portos e afastar os vendedores, vemos os prêmios melhorando desde a última semana, por exemplo", explica Brandalizze.
Além disso, os compradores precisam da soja mesmo com os preços apresentando patamares mais elevados em Chicago - com os preços podendo chegar a algo entre US$ 10,00 e US$ 10,20 -, ainda de acordo com o consultor. "Esses preços não vão mudar o parâmetro de demanda, então, tivemos um dia morno nesta terça por conta disso. Então, essa baixa do dólar no Brasil acabou, do meio do pregão para frente, sendo um fator levemente positivo para Chicago, que poderia ter fechado com 5 a 6 pontos de baixa, porque já sentiu que sumiram os vendedores do mercado brasileiro", diz o consultor.
A moeda norte-americana, na sessão desta terça, fechou em baixa pelo terceiro dia consecutivo, com recuo de 0,57% a R$ 3,1275. Nos últimos três sessões, as baixas acumuladas já são de 5,13%. Além de um quadro menos tenso no cenário externo, a declaração do presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, sobre o programa de swap cambial no país ajudou a pressionar a divisa frente ao real.
Além disso, houve ainda a manutenção da nota de crédito do Brasil em BBB- pela agência de classificação de risco Standard & Poor's. "É um voto de confiança no governo em um momento em que o mercado estava com medo de o Brasil perder o grau de investimento", disse o superintendente de câmbio da corretoraTov, Reginaldo Siaca ao G1.
Com essa baixa do dólar, os preços da soja no mercado brasileiro perderam de R$ 1,00 a R$ 2,00 nos portos em relação aos preços praticados nesta segunda-feira (23) e o dia foi de poucos negócios, com os produtores participando bem menos do mercado. No terminal de Paranaguá, o produto para abril/15 fechou em R$ 71,00 por saca, com baixa de 0,70%, em Rio Grande, queda de 0,97% para R$ 71,60 - entrega maio/15 - e em Santos, R$ 71,80, com recuo de 0,97%.
Para Brandalizze, essa posição do sojicultor brasileiro ainda traz bons resultados, apesar dos preços na casa dos R$ 70,00 nos portos ainda remunerarem os produtores em quase todas as regiões do Brasil.
"Se levarmos em consideração um ano em que os preços dos fretes não dispararam, não estão corroendo tanto o produtor, os valores ainda são rentáveis em todas as regiões produtoras do Brasil para a soja dessa safra. Temos que considerar que o custo que estamos colhendo nessa safra não é do dia, ele é menor, e na safra que vem é outra história. Temos um dólar maior, defensivos, fertilizantes e sementes vão ficar mais caros, o diesel está mais caro, ao passo que a safra que colhemos teve um custo menor do que essa que vem pela frente", explica o consultor.
Ainda de acordo com Brandalizze, a comercialização da safra 2014/15, principalmente nos estados centrais, já está acima dos 60% e o restante o produtor deverá vender de forma escalonada, sanando algumas dívidas que vencem no final do ano e ainda aproveitando os picos de preços. Além disso, o dólar ainda não está estabilizado e, com isso, o produtor deverá "utilizar sua soja como ativo financeiro em que ela estará balizada em dólar", completa.
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