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Desaceleração da economia chinesa prejudica exportação de commodities

A desaceleração da China deverá prejudicar a demanda por commodities no mundo, cujos efeitos na balança comercial brasileira também serão negativos apesar da alta do dólar no País.As exportações chinesas caíram 8,3% em julho, na comparação com igual mês do ano passado, revertendo alta de 2,8% no ano em junho, segundo dados oficiais. As importações recuaram pelo nono mês consecutivo, em queda de 8,1% em julho ante igual mês de 2014, pior que a baixa de 6,1% de junho.

As preocupações com a economia da China tiveram impacto durante o pregão na Ásia, pressionando os preços de metais industriais como alumínio e cobre, já próximos de mínimas em vários anos. O petróleo está perto das mínimas em quatro meses.

Enquanto a China preocupar, os temores com a zona do euro e a força do dólar dominarem as manchetes, o sentimento nos mercados de metais será fraco , disse Casper Burgering, economista sênior do ABN Amro Bank.

A volatilidade no mercado de ações chinês pesou sobre os mercados globais de commodities nas últimas semanas, ainda que ontem o índice Xangai Composto tenha avançado 4,9% - os dados fracos levaram investidores a apostar que Pequim deve anunciar mais estímulos à economia daquele país.

O quadro econômico chinês é particularmente importante para o setor de commodities globais devido à demanda forte das indústrias do país, que consomem até 45% da produção anual mundial de metais. Com a demanda interna fraca, as produtoras de metais da China têm tentado exportar mais, o que também pressiona os preços.

E de acordo com indicador mensal da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), divulgado ontem, a tendência é de uma perda no ímpeto de crescimento no Brasil e na China.

O indicador para a China continuou mostrando queda, marcando 97,4 em junho ante 97,5 em maio. Para o Brasil, a leitura recuou a 98,8 ante 99,0.

Balança comercial

Um exemplo desse impacto no mercado de commodities é que, apesar de ter exportado em julho uma quantidade 21,2% superior a de igual mês do ano passado, a Bahia viu suas receitas com exportações caírem 10,2%, afetadas pela redução de preços dos seus principais produtos de exportação. As informações são da Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI), autarquia da Secretaria do Planejamento (Seplan).

Segundo o levantamento, embora a alta do dólar ante o real tenha compensado parcialmente as empresas exportadoras, a queda maior que a esperada nos preços internacionais, de produtos como petróleo, soja, petroquímicos, minerais e celulose (que estão entre os itens mais exportados pelo estado) foi o principal fator que derrubou as vendas.

A quantidade de derivados de petróleo embarcada para outros países, por exemplo, cresceu 109,2% em julho, mas a cotação do produto caiu praticamente pela metade.

Considerando todos os produtos exportados pela Bahia, a quantidade vendida no mês de julho cresceu 21,2%, mas os preços recuaram 26%. Ou seja, os exportadores baianos venderam mais, mas receberam menos dólares do que no mesmo período do ano passado.

No acumulado do ano, forçados a se ajustar à fraca demanda externa, aos preços mais baixos das commodities e ao reequilíbrio chinês, as exportações baianas recuaram 18,6% alcançando US$ 4,33 bilhões contra US$ 5,33 bilhões no mesmo período de 2014.

No Brasil, no acumulado do ano até a primeira semana de agosto, as exportações totalizam US$ 116,768 bilhões e as importações, US$ 111,434 bilhões, com saldo positivo de US$ 5,334 bilhões, conforme divulgou ontem Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC).

Também no acumulado do ano, a corrente de comércio soma US$ 228,202 bilhões, com desempenho médio diário de US$ 1,521 bilhão. Esse valor é 17,8% menor que o verificado em 2014, quando a corrente de comércio foi de US$ 1,850 bilhão.

Com relação ao começo deste mês, a balança comercial brasileira registrou superávit de US$ 726 milhões, resultado de US$ 3,906 bilhões em exportações e US$ 3,180 bilhões em importações, com corrente de comércio de US$ 7,086 bilhões no período.

As exportações, quando comparadas às médias da 1ª semana de agosto de 2015 (US$ 781,2 milhões) com a de agosto 2014 (US$ 974,4 milhões), tiveram retração de 19,8%. Houve queda nos embarques de produtos manufaturados (-24,4%) e básicos (-22,6%; principalmente farelo de soja, minério de ferro, petróleo em bruto,milho em grão, carne bovina, fumo em folhas e café em grão). Já as vendas de semimanufaturados cresceram 8,9%, em razão de óleo de soja em bruto.

Fonte: DCI