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Custos e crédito colocam agricultura em alerta

A alta nos custos de produção, puxada principalmente pela valorização do dólar, deve manter as margens do campo apertadas por pelo menos duas safras. A perspectiva é apontada por especialistas e entidades representantes do agronegócio que estiveram esta semana na 38º Expointer, feira agropecuária que ocorre até sábado (5/9), em Esteio (RS). Para a diretoria da Associação Brasileira do Agronegócio (Abag), os agricultores precisarão ser “melhores gestores de caixa do que nunca” a partir deste ano.

“Os indicadores não apontam para um cenário de céu de brigadeiro. Se sair muito espremido da safra 2015/2016, ficará ‘machucado’ lá na frente”, afirmou Eduardo Daher, diretor da Abag, em relação à dificuldade de equilíbrio nas contas do campo e o risco de endividamento.

Apesar de favorecer as exportações, o dólar encareceu em cerca de 15% os custos de produção do campo nesta temporada. Além desementes, fertilizantes e defensivos são os que mais tiveram alta nos preços. Já as cotações internacionais das commodities agrícolas seguem em queda, pressionadas principalmente pelo aumento da oferta global de grãos.

No que se refere à demanda internacional por grãos, o consenso é que ela deve continuar aquecida, porém, sem crescer no mesmo ritmo dos últimos anos. “A safra de grãos certamente será maior do que foi a última. A China continuará precisando do Brasil. É verdade que em menos dose e é verdade que está fazendo estoque, mas continuará sendo cliente de 22% do agro brasileiro. Estão falando que a economia chinesa deve crescer entre 6,5% e 7% ao ano. Não é mais os 10% que crescia, mas ainda assim é um crescimento de três Europas”, disse Luiz Cornacchioni, diretor executivo da Abag.

Para o coordenador do centro de agronegócio da Fundação Getúlio Vargas e ex-ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, o que mais pode limitar o agronegócio brasileiro é o crédito, única maneira que o campo tem para manter os investimentos em tecnologia e ganhar produtividade. “Se sair como o volume anunciado, há uma mitigação de risco. Mas se não sair, o risco aumentará. Hoje o produtor está consciente e ninguém mais acredita em competir sem produtividade. Quem produzir menos 50 sacas de soja por hectare, não sobreviverá”, afirma.

No Rio Grande do Sul, a área plantada com a oleaginosa deve crescer pela sétima safra consecutiva nesta temporada. A Emater gaúcha acredita, porém, que o volume colhido terá recuo em relação ao resultado ano passado, puxando para baixo o total produzido pelo Estado. A estimativa é que a produção de grãos chegue a 27,95 milhões de toneladas (-7%).

Fonte: Revista Globo Rural