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Com manejo integrado de pragas, ataque de helicoverpa é 60% menor nesta safra

Os fatores clima e o ataque de outras pragas dificultam a avaliação sobre o tamanho do prejuízo com a Helicoverpa armigera na safra 2013/2014, mas os especialistas apontam uma redução de pelo menos 60% nos danos causados pela lagarta em relação ao período 2012/2013.

O resultado positivo é consequência de uma mudança de comportamento do produtor rural. Com medo de perder a produção e sem a liberação de defensivos como o benzoato de emamectina, o agricultor encontrou no manejo integrado de pragas a solução.

Quando surgiu, atacando a safra 2012/2013, a lagarta Helicoverpa armigera foi motivo de pânico entre os produtores rurais.

– Nós tínhamos gasto todo o defensivo para lagarta que era para soja e para o algodão e tivemos que entrar no mercado comprando porque não estávamos nem na metade e ainda tinha todo o algodão. Acabou que um custo de US$ 300 mil foi parar em quase US$ 600 – afirmou o produtor Rony Reimann.

Ele foi obrigado a adaptar suas práticas no campo, para ficar mais preparado para o combate à praga. O manejo integrado e o controle biológico vieram como salvação. Reimann usou o vírus HzNPV quando a população de lagartas estava em 8% e teve paciência. Depois de aplicar, percebeu que as lagartas continuavam comendo, mas com menos intensidade. Mas, o resultado veio quando as lagartas incharam até explodir.

– Este ano, na soja, com helicoverpa não tivemos perdas e a nossa economia com defensivos direcionados para complexos de lagartas ficou em torno de 50%, isso tudo por conta do biológico e começamos a achar aranhas no meio da lavoura, coisa que não se achava mais, além de vespas que comem ovos de lagarta, enfim melhorou todo o ambiente dentro da lavoura. Não é só o fator econômico – relatou Reimann.

Até agora, os técnicos afirmam que o ataque foi 60% menor na safra 2013/2014, comparado à anterior. O resultado é consequência de uma mudança de visão dos produtores, que aprenderam que a praga não tem barreiras.

– A praga foi menos intensa porque onde há um uso menos intensivo de inseticida que mata os inimigos dela. Existem varias coisas, é uma combinação de fatores muito grande. O clima ajudou o ambiente – declarou o pesquisador da Embrapa Milho e Sorgo, Derli Santana.

– Não diminuímos o numero de aplicações advento do prolongamento do ciclo da cultura da soja ou encurtamento da safra passada, porém conseguimos variar bem mais os grupos químicos utilizados e quando houve picos de infestação conseguimos logo reluzi-los e trabalhar dentro das margens mais confortáveis –afirmou o agrônomo Rinaldo Grassi.

Na Bahia, onde a Helicoverpa armigera apareceu pela primeira vez dizimando boa parte da produção de algodão, os agricultores gastaram, nesta safra, R$ 600 milhões só em defensivos para as culturas do algodão e da soja. Uma redução de 50% comparando com a safra passada.

O cenário na região de Luis Eduardo Magalhães (BA) tem o que os técnicos chamam de agroecossistema favorável para a expansão da praga se não for feito o controle adequadamente. Da divisa com Goiás até as divisas com Piauí e Maranhão, é possível caminhar pelas lavouras em uma janela produtiva que vai de outubro até julho. Por isso, a estratégia de combate deve envolver todos os produtores.

– Com o manejo que os produtores tem feito e em função de outras características que ainda não sabemos explicar, a população de pragas está abaixo do nível de dano em quase todas as regiões do país, mas ela está presente por aí e é muito importante fazermos o manejo integrado de pragas para evitar a explosão populacional – explica o pesquisador da Embrapa Sergio Abud.

A crise da helicoverpa assustou também os órgãos de controle de produtos químicos do governo. Agora, novos casos semelhantes, devem ter ações mais rápidas.

– Nossa legislação precisou ser aperfeiçoada para poder atender a essa situação de emergência que vivemos no ano passado. A interação entre o Ministério da Agricultura com os órgãos estaduais foi fundamental. Sem a perseverança e a forma de agir da Agência Estadual da Bahia não teríamos conseguido controlar essa praga do jeito que foi controlado – afirmou o diretor do Departamento de Sanidade Vegetal do Ministério da Agricultura, Luiz Eduardo Rangel.

Canal Rural