Câmbio será decisivo na rentabilidade da safra de grãos, aponta Rabobank
A queda observada nas cotações de grãos como soja e milho no último ano será amenizada pela alta do dólar no Brasil, na avaliação do banco alemão Rabobank. Relatório com as perspectivas para o agronegócio nacional divulgado nesta quinta-feira (8/1) destaca a importância da moeda norte-americana na rentabilidade dos agricultores durante a temporada 2014/15. E a tendência é que o câmbio continue a favor do setor produtivo. A instituição financeira classifica como razoável as apostas de variação da cotação da moeda entre R$ 2,70 e R$ 2,80 em 2015 no Brasil. “A desconfiança gerada pela perspectiva ainda negativa no mercado interno e os juros mais altos nos EUA devem suportar a alta do dólar em relação ao real.”
Soja
Com uma produção global 9,2% acima do volume registrado na safra passada – somente Brasil e Argentina vão elevar a oferta em 7,5% e 1,5%, respectivamente – e demanda 5% maior, a pressão de baixa sobre as cotações do produto pode não ter sido encerrada. O comportamento do clima será decisivo para o desenvolvimento das lavouras da América do Sul nos próximos meses, aponta o Rabobank. Qualquer intempérie climática na região, por outro lado, poderá limitar as desvalorizações. O consumo interno da indústria de ração animal será fundamental no enxugamento do excedente colhido no campo.
Milho
A conjuntura do milho é mais desfavorável em relação à soja em 2015. Segundo o banco alemão, com os estoque mundiais elevados, a competição entre os países produtores por mercados consumidores será mais acirrada neste ano. Porém, com os atrasos no plantio da soja no verão, a tendência é que a área a ser ocupada pelo cereal na segunda safra – cultivada no inverno -- seja pressionada , o que se torna um fundamento positivo para os preços internos. Somente na safra passada, as cotações do grão caíram 36,9% na Bolsa de Chicago. No Brasil, a queda foi de 7,6%.
Café
A tendência para os preços do café segue na contramão do que acontece no quadro de soja e milho. Com uma produção mundial insuficiente para cobrir a demanda, as cotações do produto devem se manter em alta na Bolsa de Nova York e também no Brasil, maior produtor do mundo. O déficit no quadro do grão se deve à quebra de safra registrada em campos brasileiros nos últimos anos. A seca que comprometeu a colheita deve inclusive afetar os resultados da safra seguinte.
O banco ressalta, porém, que haverá alta volatilidade nos preços do café e que a margem de lucro será maior especialmente aos que apostam no produto gourmet. “O crescimento do mercado doméstico deve ser vigoroso, com destaque para os cafés de alta qualidade”, indica o banco. No ano passado, o grão tipo arábica acumulou alta de mais de 41% na bolsa norte-americana.
Algodão
A maior colheita dos últimos quatro anos nos Estados Unidos resulta num cenário difícil para o algodão em 2015. Assim como soja e milho, os estoques da commodity estão em altos níveis, pressionando as cotações. No Brasil, o Rabobank aposta em preços médios mais baixos que os de 2014 nas praças de comercialização. Como agravante, os custos de produção da cultura, que já são considerados elevados, tendem a crescer, apertando as margens dos agricultores. A perspectiva é que haja migração de área da pluma para outros grãos nos próximos ciclos.
Revista Globo Rural
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