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Brasil aumentará área de soja em 3,2% na safra 2015/2016, diz especialista do USDA

Mesmo diante de um financiamento mais caro e um custo mais alto de produção, o sojicultor brasileiro deve ter uma safra lucrativa no ciclo 2015/2016. A avaliação foi feita pelo representante do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), Warren Preston, durante o 7º Congresso Brasileiro de Soja, em Florianópolis (SC). O fator determinante, assim como ocorreu na safra 2014/2015, deve ser a taxa de câmbio, com o dólar se mantendo fortalecido diante do real.

Para a produção brasileira, o USDA trabalha com um cenário de aumento de 3,2% na área plantada de soja na próxima safra, chegando a 32,5 milhões de hectares. A colheita deve chegar a 97 milhões de toneladas, contra um volume calculado em 94,5 milhões na safra 2014/2015. De acordo com Ritter, caso os números sejam confirmados, seria o nono ano seguido de aumento de superfície semeada com a oleaginosa no território brasileiro.

“Mesmo com os preços mais baixos, a soja trará lucratividade no Brasil por causa da desvalorização do real. O produtor brasileiro ainda terá uma produção mais lucrativa que a de algodão ou que a de milho de primeira safra. Acho que o Brasil tem vantagens competitivas na soja. Ainda que o custo de produção suba, estará competitiva. O Brasil consegue aumentar suas exportações mesmo com a dificuldade logística”, disse o especialista.

Nos Estados Unidos, a soja também deve ser mais atrativa na safra 2015/2016. Apesar do atraso no plantio, deve haver um crescimento de 1,1% na área plantada em relação à temporada passada (34,24 milhões de hectares), afirmou Preston. A superfície semeada de milho, ao contrário, deve ter queda de 1,5% em relação à safra 2014/2015 (36,1 milhões de hectares).

“Mesmo com a redução dos preços, a soja está mais atrativa e terá mais área nos Estados Unidos”, disse o especialista. Apesar disso, a projeção é de menos volume do grão em relação à safra 2014/2015, caindo de 108 para 104,8 milhões de toneladas da oleaginosa. Ainda assim, uma oferta considerada ampla.

Em nível global, a produção da oleaginosa deve passar de 318,3 milhões para 317,6 milhões de toneladas. Já a colheita da Argentina, deve cair de 59,5 para 57 milhões de toneladas. Apesar dessa situação, os estoques globais de soja na safra 2015/2016 deve chegar ao volume recorde de 111 milhões de toneladas. “Haverá crescimento dos estoques. Esperamos também produções altas e bastante pressão sobre os preços”, analisou o representante do USDA, para quem a cotação da soja deve cair do patamar de US$ 10,05 por bushel para US$ 9 por bushel.

Warren Preston explicou ainda que o cenário de estoques mundiais mais altos e queda nas cotações internacionais tende a ocorrer também em outros grãos. No milho, as reservas finais da safra 2015/2016 são estimadas em 72 milhões de toneladas, com o preço variando de US$ 3,65 para US$ 3,50 por bushel. Os estoques finais de trigo devem totalizar 103 milhões de toneladas com preços caindo de US$ 6 para o patamar de US$ 4,50 por bushel.

Nova revolução

Segundo o representante do departamento econômico do USDA, Warren Preston, os preços de commodities vêm em uma tendência de queda nos últimos 60 anos e devem se manter em patamares mais baixos. Para ele, isso é uma consequência da maior competição e dos ganhos de produtividade nas lavouras, dentro de um contexto de evolução tecnológica, que passa pela substituição da tração animal pelo trator, a popularização de técnicas como plantio direto, o uso dos satélites até o surgimento das variedades geneticamente modificadas resistentes a pragas e defensivos.

Na avaliação dele, a “nova revolução” para a produtividade agrícola passa pelo uso de dados, seja com a agricultura de precisão até os chamados Big Data, ferramentas para a análise e organização de grandes quantidades de dados e informações. “Os aplicativos de dados vão levar a uma produtividade maior com a utilização dos mesmos recursos”, avaliou.

Fonte: Revista Globo Rural