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Bom desempenho do PIB da agropecuária pode não se repetir, avalia SRB

O presidente da Sociedade Rural Brasileira (SRB), Gustavo Diniz Junqueira, considera positivo o resultado do Produto Interno Bruto (PIB) da agropecuária nos primeiros três meses de 2015, mas diz que o bom desempenho pode não se repetir ao longo dos próximos trimestres. "Não podemos imaginar que vamos ficar imunes a esse 'desastre' macroeconômico brasileiro", afirmou o dirigente.

De janeiro a março deste ano, o PIB do setor avançou 4% no comparativo anual e 4,7% na base trimestral. O resultado é sazonalmente beneficiado por produtos da lavoura, que têm safra relevante no período, como soja e arroz. No entanto, Junqueira pondera que o resultado reflete investimentos e condições econômicas do ano passado, além de ter sido favorecido pela desvalorização do real ante o dólar. "Isso fez com que produtores continuassem investindo, pois eles esperavam que seus preços em real seriam maiores", explica.

No entanto, Junqueira avalia que a insegurança macroeconômica e a restrição de financiamentos ao produtor devem causar impacto nos resultados do PIB da próxima safra. "Produtores podem reduzir sua área de cultivo e empregar o mesmo o nível tecnológico, para manter suas margens, mas com produção menor podemos ter uma queda na geração total de riquezas", diz. O representante também prevê que a alta do dólar deve provocar impacto em custos dos insumos importados, como fertilizantes, nos próximos meses, influenciando negativamente a produção.

O presidente da SRB também defende que o setor agropecuário não é o "motor de crescimento da economia" e que os demais setores precisam ser incentivados pelo governo a se tornarem mais competitivos para a retomada do crescimento no país. "Não há uma competição entre os setores, mas é preciso visão de longo prazo, caso contrário o PIB da agropecuária não irá sustentar uma máquina ineficiente do governo e nem salvar a Pátria", afirma.

Incentivos internos

A decisão do governo anunciada nesta quinta-feira (28) de liberar parte dos depósitos compulsórios no Banco Central para incentivar financiamentos a produtores rurais pode não surtir o efeito desejado. A avaliação é do presidente da Sociedade Rural Brasileira (SRB), Gustavo Diniz Junqueira. "Uma coisa é direcionar os recursos, outra é ter um ambiente de crédito propício para que os bancos de fato ofereçam os financiamentos", disse.

O dirigente considera que a decisão é positiva por indicar que o governo tem uma visão pragmática ao alocar recursos em um setor que está em crescimento. "Por outro lado, isso mostra que há uma preocupação com a falta de crédito para o setor", pondera.

Junqueira afirma que, em 2015, os bancos privados já restringem a concessão de empréstimos a culturas que não apresentam bom retorno financeiro como, por exemplo, o setor sucroenergético. Com a determinação do Conselho Monetário Nacional (CMN), R$ 2,5 bilhões poderão ser liberados dos depósitos da caderneta no Banco Central para financiar atividades do setor. No entanto, instituições financeiras, como o Banco do Brasil, ainda avaliam se irão desembolsar recursos para novos empréstimos.

Fonte: Estadão Conteúdo