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Artigo: Aquecendo motores para escoar a safra

Por Paulo Schiff*

A contagem regressiva para o início do escoamento da safra brasileira de grãos 2013 / 2014 para o mercado internacional já começou.

A principal opção continua sendo o Porto de Santos.

E é visível a apreensão e a aflição de todos os atores envolvidos nesse processo.

As cenas do ano passado metem medo. Congestionamentos da Via Anchieta contabilizados em dezenas de quilômetros e navios parados à espera de atracação no cais também contados em dezenas.

A safra tem crescimento em relação à do ano passado. E o pico dos embarques começa agora em fevereiro e vai até julho.

Nenhuma obra estruturante para sanar esse problema está pronta.

São três as principais:

1) Anel viário que está sendo construído pela concessionária do sistema Anchieta-Imigrantes, a Ecovias, para substituir o Trevo de Cubatão. Deve ficar pronto em setembro. Depois do escoamento da safra, portanto.
2) Novo acesso, com oito pistas e acostamento da Domênico Rangoni aos terminais de Guarujá.
3) Reformulação da entrada de Santos, o principal gargalo. A obra já tem recursos municipais, estaduais e federais empenhados. Mas ainda está em fase de projeto.

De concreto para tentar evitar o repeteco do apagão do ano passado, só providências burocráticas.

A Companhia Docas do Estado de São Paulo determinou que nenhum caminhão sem agendamento de descarga possa acessar o porto. Estabeleceu também a obrigatoriedade da passagem desses caminhões por pátios reguladores.

No mês de dezembro, a Codesp abriu inscrições para proprietários de áreas marginais ao Rodoanel, ao sistema Anchieta-Imigrantes e à Cônego Domenico Rangoni com potencial de funcionamento como pátios reguladores.

Vinte e três áreas estão inscritas e sendo avaliadas. Agora a corrida é contra o relógio para que algumas delas já estejam operando no mês que vem.

O governo estadual instala leitura ótica de placas de caminhões nos postos de pedágio para ajudar a disciplinar esse tráfego.

O governo federal vai deixar disponível um número de telefone para que os caminhoneiros verifiquem se a carga está mesmo agendada.

A aflição é tão grande que a Federação dos Caminhoneiros Autônomos do Estado de São Paulo - cujos filiados não transportam grãos e sim contêineres - está planejando colocar dois funcionários monitorando o sistema rodoviário de acesso ao porto para informar aos transportadores de contêineres sobre as melhores rotas alternativas em caso de congestionamentos provocados pelos graneleiros.

A intenção até é boa, mas durante os congestionamentos, não há alternativas. Até para motoristas de veículos leves e motocicletas fica difícil.

A alternativa dos portos do Norte vai se apresentando com força cada dia maior. Mas as obras do novo Canal do Panamá perderam um pouco de fôlego. Não é para já.

Os ministérios e agências envolvidos - Transportes, Agricultura, Portos, ANTT e Antaq estudam mapas, consultam números, quebram a cabeça e chegam à conclusão que neste ano, e em 2015, não há solução à vista, o que pode ser feito é redução de danos.

Oremos!

*Paulo Schiff é Jornalista, Engenheiro e Professor Universitário.

DCI