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ANP diz que Brasil precisa elevar produção de etanol

Para manter sua participação na matriz energética brasileira nos atuais 17,5%, o etanol precisará ter produção elevada anualmente de 3,5% a 4% em média na próxima década. A informação parte da diretora geral da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), Magda Chambriard, durante o primeiro painel do Ethanol Summit, em São Paulo. Nas últimas safras, o Brasil vem priorizando a produção do biocombustível de cana em detrimento ao açúcar, que tem tido queda nos preços internacionais. Na atual temporada, a previsão da União da Indústria da Cana-de-Açúcar (Unica) é de que o volume produzido ficará 4,33% acima do registrado no ano passado.

A falta de uma política governamental de longo prazo e de rentabilidade ao setor impede que os produtores garantam esse aumento da oferta até 2025. A saída, segundo Magda, está na inserção de tecnologias em toda a cadeia."Hoje cada litro de etanol gera 70% da energia do combustível fóssil. Isso tornou o biocombustível competitivo em somente seis estados brasileiros, com base nos preços de maio. Se tivéssemos motores capazes de gerar 80% da energia do fóssil, o etanol seria competitivo em outras 16 unidades da federação", exemplificou em sua apresentação.

Além da indústria automotiva, os canaviais e as usinas moageiras também precisam fazer a sua parte. A retomada dos investimentos no campo, porém, está condicionada à rentabilidade positiva, ressalta a presidente da Unica, Elizabeth Farina. "Se quisermos mais etanol em 2025 ou 2030 dentro da matriz energética, temos de encontrar formar de rentabilizá-lo rapidamente. O retorno da cide foi uma sinalização positiva, embora bem aquém do que ela reprensetou do preço de bomba da gasolina no passado.O aumento da mistura representou aumento de demanda importante, mas tudo isso depende de estabilidade  e de confiança nas regras.Será que se houver um recrudeciamento da inflação, o governo não vai baixar pra zero de novo a Cide ou não vai impedir que o Bendine [presidente da Petrobras] faça politica de preços que  melhor se ajustar à Petrobras, abrindo espaço também para rentabilizar o etanol? Quem passou pela crise recente, precisa ter essas respostas para retomar o investimento", disse.

Uma das medidas estudadas pela Unica é o diferencial da aliquota do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) entre os estados, o que segundo Elizabeth, poderia estimular especialmente o consumo do hidratado. "Esse é um caminho, mas é urgente. As usinas enfrentam situação muito diferentes em termos de produtividade, custo, capacidade de invoação e investimento na propria atividade, como renovação do canavial e plantio. Isso faz com que nao tenha uma solução para todas. As que estão mais endividadas terão de algo a mais para equacionar suas contas", afirmou a presidente da Unica.

Fonte: Revista Globo Rural