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Alta em Chicago reduziu pressão para governo atuar no milho, diz Nassar

A recente alta dos preços do milho na Bolsa de Chicago, em função dos problemas enfrentados pelos produtores rurais dos Estados Unidos, aliviou um pouco a urgência da adoção de medidas de apoio à comercialização do milho no Brasil. Foi o que afirmou, nesta quinta-feira (16/7), o secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, André Nassar.

“Cada projeção (de safrinha de milho) vem com um aumentinho. Mas Chicago deu uma ajuda e isso tirou um pouco a pressão. À medida que a colheita da safrinha vinha acontecendo, vinha uma safra maior que o esperado no início. Mas como Chicago deu uma boa resposta em termos de aumento, uma coisa está contrabalançando a outra relativamente bem”, analisou Nassar.

Ele ressaltou, no entanto, que o Ministério da Agricultura segue atento à movimentação do mercado interno e ainda estuda preparar eventuais ações caso as cotações caiam abaixo do preço mínimo. Nassar não detalhou qual ser a proposta a ser feita pela pasta. Informou apenas que a discussão passa pelo Conselho Interministerial de Estoques Públicos (CIEP) e depende de aprovação de outros ministérios. Só a partir disso, Agricultura e Conab são autorizadas a desenvolver a parte operacional.

“Deu autorização pra operar, vamos olhar o mercado, falar com as fontes e ver se é hora de entrar ou não e onde”, disse o secretário. “O problema é uma safra maior porque se eu tiver mais milho, a minha atuação terá que ser maior”, ponderou.

Política de renda

O secretário de Política Agrícola fez as declarações em São Paulo, onde participou de um seminário promovido pela FGV Projetos, ligado à Fundação Getúlio Vargas. O encontro serviu para que fossem discutidas as projeções para a agricultura brasileira até 2024 feitas pela Organização de Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO).

Durante o evento, André Nassar destacou que o Ministério da Agricultura tem a intenção de colocar em prática já no ano que vem e “de uma forma piloto” suas medidas para estimular o acesso do produtor a mecanismos de proteção de preços. Sem detalhar como seria a aplicação, ainda em discussão no governo, Nassar disse que o plano é começar nas culturas de algodão e café.

“A gente quer estimular o produtor a fazer um hedge de preços, basicamente. Muitos não fazem, a não ser com a compra de insumos. Depois, quando o preço cai abaixo do preço mínimo o governo intervém. Seria muito mais interessante que a gente já tivesse no início da safra uma opção de venda do produto em um patamar que se encaixa no custo dele e o governo poderia estimular esse movimento”, explicou.

Dizendo que “não faz sentido” que a Conab seja lançadora das opções, ressaltou que o Ministério ainda estuda formas de estimular o setor privado a colocar os contratos no mercado. “Mas não é simples de fazer. Tem que ver o que vai usar de orçamento e quanto o governo vai subvencionar. Tudo isso nós estamos analisando”, disse, ressaltando que tudo ainda está sendo estudado e será aplicado devagar.

Outra possibilidade, de acordo com secretário de Política Agrícola é “casar” o uso de ferramentas como as opções com a política de seguro rural. Na avaliação de André Nassar, seria uma alternativa interessante para melhorar o acesso ao crédito por parte do produtor rural. “Reduz demais a avaliação de risco. A gente imagina que isso funcionando bem, poderia levar a uma redução de taxas de juros para o produtor”, analisou.

Adotar esse tipo de operação na política agrícola não implicaria deixar de lado a Política de Garantia de Preços Mínimos (PGPM) nem os mecanismos atualmente utilizados para apoio à comercialização, disse o secretário. “O uso desses mecanismos ficaria mais específico e restrito a situações complementares desde que haja essa proteção de renda do outro lado”, ressaltou. “Esses mecanismos, eu não enxergo como uma mudança estrutural. São melhorias que vão fazendo a PGPM evoluir. Quando foram criados os Pepro, PEP, já foi uma evolução e a PGPM está na base deles.”

Fonte: Revista Globo Rural