Agricultura tenta preservar juros em 2014/15
O novo ministro da Agricultura, Neri Geller, afirmou a jornalistas em evento realizado ontem em São Paulo que a Pasta já está negociando com o Ministério da Fazenda as taxas de juros para o financiamento à agricultura na próxima safra, a 2014/15. No último ciclo, o Tesouro Nacional dispendeu R$ 9 bilhões em equalização de juros dos programas de custeio e investimento agrícolas.
"Já houve um aumento das taxas do PSI [Programa de Sustentação do Investimento]. Mas estamos nos articulando com o governo para não elevar a taxa de juros dos outros programas. Nossa estratégia vem sendo argumentar com informações concretas de que a equalização de taxas de juros à agricultura é um investimento, e não um gasto", disse o ministro na parte inicial do Global Agribusiness Forum 2014
Ele reconheceu que os níveis dos juros básicos da economia mudaram do ano passado para este, mas afirmou que terá "firmeza" e "conteúdo" no debate com a Fazenda para garantir as mesmas taxas.
Neri Geller, afirmou que ainda não há um orçamento definido para o Plano Safra 2014/15, mas garantiu que não haverá uma redução do montante destinado à agricultura. De acordo com ele, as demandas do setor produtivo estão sendo recebidas, mas a expectativa é que alguns programas, como o de armazenagem, sejam mantidos ou até ampliados.
Neste ciclo 2013/14, já foram liberados R$ 2,9 bilhões para armazenagem, de um total de R$ 4 bilhões orçados. "O plano em curso é financiar armazenagem para suprir o déficit de 40 milhões de toneladas e avançar com mais capacidade prevendo o crescimento futuro da produção. Com isso, queremos financiar o aumento de capacidade em cerca de 70 milhões de toneladas de grãos", afirmou Geller.
O ministro reforçou que não trabalha com a possibilidade de redução do novo Plano Safra. O "PSI tinha um orçamento de R$ 7 bilhões, e até agora já liberou R$ 8 bilhões em oito meses", afirmou Geller em referência aos números da temporada 2013/14.
Ao chegar no Global ao evento na capital paulista ontem pela manhã, o ministro da Agricultura foi recebido por um protesto de produtores de banana, que reclamavam a abertura de importação da fruta pelo governo. "A agricultura familiar está sendo bem protegida por esse governo. O país precisa manter um equilíbrio nos preços. E a importação faz parte de um contexto inflacionário", afirmou o ministro.
Ele fez uma comparação com o caso da importação de trigo no ano passado de fora do Mercosul sem o pagamento de Tarifa Externa Comum (TEC), de 10%. "Naquele momento, o Brasil tinha que abrir a importação para controlar os preços internos que estavam muito altos com a escassez do cereal". Geller antecipou que não vê espaço neste ano para repetir a isenção de TEC na importação do trigo de fora do Mercosul.
Valor Econômico
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