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Agricultura é ponto-chave para avançar nas negociações da OMC, diz Roberto Azevêdo

O embaixador e diretor-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC), Roberto Carvalho de Azevêdo, destacou nesta segunda, dia 24, que a agricultura será um dos pontos-chave para avançar no debate sobre a Rodada Doha. O assunto foi discutido no painel "Desafios da Integração Comercial na Agricultura", durante o Global Agribusiness Forum (GAF).

– A agricultura vai ser um dos temas centrais das negociações em Genebra [Suíça]. Muito provavelmente [a agricultura] é quem vai definir a ambição das outras áreas – disse Azevêdo.

O embaixador acrescentou que a retomada da Rodada de Doha trará à mesa negociações na área de subsídios internos e de exportação, bem como acesso a mercados.

– A agricultura é uma área de grande importância para o Brasil como um dos grandes celeiros do mundo – destacou.

O diretor-geral da OMC destacou as mudanças recentes no organismo e afirmou que, no que diz respeito a negociações, a OMC está de volta. Ele destacou que as consequências das negociações da Conferência de Bali, em dezembro, foram muito boas e que "o clima mudou". Agora, segundo ele, há dois desafios: implementar o que foi decidido em Bali e concluir até dezembro um programa de trabalho sobre a conclusão da Rodada Doha.

De acordo com ele, ao assumir a organização, prezou pela inclusão e transparência, pela objetividade e pelo sentido de realismo.

– Não adianta pedir o céu e a lua quando você sabe que um país não tem condições de cumprir aquele pedido – comentou, sobre seu trabalho.

Ele tem visitado países para convencer os agentes sobre o avanço das negociações e destacou a importância de ter sido recebido, por exemplo, pelo presidente dos Estados Unidos, Barack Obama.

– O próprio fato de o presidente me receber não é por acaso. Há interesse norte-americano em avançar nas negociações. Não há motivos para não concluirmos a rodada em um curto espaço de tempo – afirmou o diretor-geral da OMC.

O ex-ministro da Agricultura e professor de Economia Antonio Delfim Netto também abordou o tema durante o evento. Segundo ele, as pessoas ainda têm dificuldade de entender que o comercio exterior é fundamental para o desenvolvimento econômico.

– A importação é um fator de produção. Sem ela, não há crescimento. Ela é importante para produzir o desenvolvimento – relatou.

Netto ressaltou que é preciso que haja confiança entre os participantes da OMC. E o ponto principal é a transparência.

– É fundamental que se dê importância a OMC e que se crie esse mecanismo de fiscalização – declarou.

Subsídios da Índia

Azevêdo disse que a questão do subsídio concedido pelo governo indiano ao açúcar está sendo avaliada pelo comitê de agricultura da entidade, mas ainda não está inserida no mecanismo de solução de controvérsias.

– Esse foi um dos assuntos levantados pelo Brasil e outros países no comitê. São conversas técnicas – esclareceu.

 

Ele disse não estar acompanhando a discussão no Brasil sobre uma possível retaliação aos Estados Unidos, por conta de descumprimento de acordo dentro do painel do algodão, vencido pelos brasileiros. Os norte-americanos suspenderam o pagamento de compensações aos produtores de algodão no Brasil.

 

– O governo brasileiro que está conversando, eu não estou acompanhando.

 

Em fevereiro, o governo brasileiro decidiu não retaliar os Estados Unidos. No entanto, o país abrirá um painel de implementação na OMC para determinar se a nova lei agrícola dos Estados Unidos (Farm Bill) está de acordo com decisão do organismo internacional de 2009, que considerou os subsídios agrícolas daquele país em desacordo com as normas de comércio internacional.

 

Canal Rural com informações do Estadão Conteúdo