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Agência ambiental dos EUA vai exigir maiores restrições sobre herbicida glifosato

Reguladores dos EUA vão impor novas restrições a um herbicida amplamente utilizado no mundo, para ajudar no combate à rápida proliferação de ervas daninhas resistentes ao agrotóxico, apurou a Reuters.

A Agência de Proteção Ambiental dos EUA (EPA, na sigla em inglês) confirmou que vai exigir a implantação de um plano de manejo para o glifosato, o principal ingrediente no popular herbicida Roundup, da Monsanto.

A agência norte-americana agendou uma teleconferência para a próxima semana com uma comissão da Weed Science Society of America, uma das principais entidades norte-americanas dedicadas ao estudo de ervas, para discutir quais exigências devem constar em um plano final para o glifosato, disse Larry Steckel, cientista norte-americano que preside a comissão.

Um porta-voz da EPA não quis dar mais detalhes sobre o plano, mas disse à Reuters que as exigências da agência seriam similares àquelas impostas a um novo herbicida produzido pela Dow AgroSciences, uma unidade da Dow Chemical.

As exigências em relação ao herbicida da Dow incluem o monitoramento de ervas daninhas, a educação de fazendeiros e planos de reparação.

É exigido que a companhia forneça um relatório completo à EPA sobre o estado de resistência das ervas, assim como deve informar aos interessados sobre dificuldades no controle das plantas por meio de uma página mantida pela empresa na Internet.

A porta-voz da Monsanto Charla Lord não quis discutir se a companhia estava negociando um plano com os reguladores, mas disse que a Monsanto “vai continuar a trabalhar com a EPA para garantir o manuseio apropriado do produto à medida que avançamos no processo regulatório”.

Ao menos 14 espécies de ervas daninhas e biótipos desenvolveram resistência ao glifosato nos EUA, o que afeta mais de 60 milhões de acres de terras férteis, de acordo com dados compilados pelo Departamento de Agricultura dos EUA e por cientistas especializados em ervas norte-americanas.

As ervas resistentes ao herbicida prejudicam a produtividade das safras e tornam as plantações mais difíceis e caras.

A atitude da EPA vem à tona após a divisão de pesquisa sobre câncer da Organização Mundial de Saúde (OMS) ter divulgado este mês a descoberta de que o glifosato é “provavelmente cancerígeno para os homens”, uma conclusão que, de acordo com o grupo de trabalho responsável pelo estudo, foi feita a partir de uma revisão de anos de pesquisas científicas.

Exames encontraram vestígios do herbicida na água, comida, urina e no leite materno.

O plano de gestão de ervas da EPA não vai lidar com as preocupações em relação à saúde humana, mas a agência também analisa os dados médicos como parte de uma reavaliação sobre o herbicida.

A avaliação preliminar da EPA sobre os riscos do glifosato deve ser divulgada para comentários públicos ainda este ano, no mesmo momento em que a agência vai publicar sua proposta de plano de gestão de ervas, também para escrutínio público.

Reguladores dos EUA e de diversos países há muito consideram o glifosato como um dos herbicidas mais seguros disponíveis. Uma reavaliação sobre o herbicida feita pelo governo da Alemanha para a União Europeia no ano passado concluiu não haver ligação entre o agrotóxico e o câncer.

A Monsanto, que detinha a patente do glifosato até 2000 e no ano passado vendeu mais de 5 bilhões de dólares de seu herbicida Roundup, afirmou ter ficado comprovada repetidas vezes a segurança da substância.

Mas os críticos aos agrotóxicos, incluindo ambientalistas, cientistas e pessoas contrárias aos alimentos geneticamente modificados, esperam que a descoberta da OMS ajude a convencer a EPA sobre a necessidade de um controle mais intenso do herbicida, não somente para prevenir a proliferação de ervas daninhas resistentes ao glifosato, mas também para proteger a saúde humana.

O modo como a EPA vai lidar com a questão sobre o glifosato é acompanhada de perto pela agroindústria.

O herbicida é usado globalmente como principal ingrediente em mais de 700 produtos, sendo utilizado no controle de ervas desde jardins e beiras de estrada até milhões de hectares de terras produtivas.

Reuters